Os ataques crescentes do presidente Donald Trump à Reserva Federal norte-americana (FED) podem ter efeitos colaterais substanciais e globais nos mercados financeiros e na economia real, afirmou nesta quinta-feira o membro do Conselho de Governadores do Banco Central Europeu (BCE) Olli Rehn. Citado pela agência Reuters, Rehn, que também é governador do banco central da Finlândia, disse que “o presidente Trump tem exercido uma forte pressão sobre a Reserva Federal dos EUA para cortar as taxas de juro” e que “a independência da FED permanece um princípio inviolável desde o início da década de 1980”.

O responsável acrescentou que os europeus deveriam tomar medidas para reforçar a confiança global no euro como moeda segura, a fim de evitar uma deterioração semelhante da autonomia dos bancos centrais na Europa. Embora reconheça que a hegemonia do dólar é um facto, Rehn argumenta em defesa da moeda única europeia que “se os fundamentos institucionais do dólar ruíssem — refiro-me aos princípios do Estado de Direito e da democracia, bem como às liberdades civis — poderíamos encontrar-nos numa situação diferente”.

Embora o crescimento da zona euro se tenha mostrado mais resiliente do que o esperado, o responsável disse que a inflação deverá desacelerar para valores abaixo da meta de 2% no curto prazo, devido à energia mais barata, ao euro mais forte e à desaceleração da inflação nos serviços.

“No Conselho do BCE, estamos a acompanhar de perto a situação económica e estamos prontos para agir, se necessário”, afirmou Rehn.