O Novo Banco vai ser vendido ao grupo francês BPCE (Banque Populaire – Caisse d’Épargne), o segundo maior conglomerado bancário em França. O negócio está para ser anunciado nas próximas horas, marcando a entrada dos franceses no setor bancário de retalho em Portugal.

A concretizar-se, caiu por terra a hipótese de vender até 30% do Novo Banco em bolsa, opção que esteve em cima da mesa até ao último momento.

O valor da operação não foi divulgado, mas há estimativas que colocam a avaliação do Novo Banco até aos 7 mil milhões de euros. Recorde-se que, desde 2017, o Novo Banco é detido em 75% pela Lone Star, enquanto os restantes 25% são partilhados entre o Fundo de Resolução (13,54%) e o Estado Português através da Direção-Geral do Tesouro e Finanças (11,46%).

Quem é o Grupo BPCE?

O Groupe BPCE é o segundo maior grupo bancário em França. Com cerca de 100 mil colaboradores, o grupo serve 35 milhões de clientes em todo o mundo. Resultado da fusão, em 2009, entre duas grandes famílias cooperativas francesas — os bancos populares (Banques Populaires) e as caixas de poupança (Caisses d’Épargne) — o Grupo BPCE é hoje o segundo maior grupo bancário em França, apenas atrás do BNP Paribas, e um dos 10 maiores da Europa.

Com ativos superiores a 1,6 biliões de euros, o grupo atua em praticamente todos os segmentos financeiros: banca de retalho, banca corporativa e de investimento, gestão de ativos, seguros e financiamento especializado. Possui marcas fortes como Banque Populaire, Caisse d’Épargne, Natixis Investment Managers, Ostrum Asset Management, Crédit Foncier, BPCE Lease e BPCE Factor em serviços especializados.

A sua estrutura cooperativa confere-lhe uma governança diferente das grandes corporações cotadas: são as próprias instituições regionais que, enquanto acionistas, participam na gestão e orientação estratégica do grupo. É, desde 2022, gerido por Nicolas Namias, um francês de 49 anos, que intercalou a sua longa carreira no Banco com o gabinete do primeiro-ministro francês Jean Marc Ayrault nomeado por Francois Hollande.

Opera nas áreas da banca de retalho e dos seguros em França, através das suas duas principais redes, Banque Populaire e Caisse d’Epargne, bem como através do Banque Palatine e da Oney. A nível internacional, desenvolve a sua atividade com a experiência da Natixis Corporate & Investment Banking na banca de investimento, e com os serviços de gestão de ativos e de património disponibilizados pela Natixis Investment Managers.

Em Portugal, opera na banca de investimento, através da Natixis, e no crédito ao consumo, através da Oney e do Banco Primus. Com a aquisição do Novo Banco, o grupo francês vai competir também na banca de retalho em Portugal.

Negócio agrada à UE e ao Governo

A venda do Novo Banco ao grupo francês BPCE irá ao encontro tanto dos interesses manifestados pelo Governo português como pela União Europeia. Para Bruxelas, a operação cumpre o objetivo de promover fusões bancárias transfronteiriças, consideradas essenciais para reforçar a integração do setor financeiro europeu.

Já para o Governo português, a conclusão do negócio representa sobretudo o afastamento de um cenário indesejado: a venda do Novo Banco a um grupo espanhol, como o Caixabank, que era um dos principais interessados. O ministro das Finanças, Joaquim Miranda Sarmento, tinha alertado para os riscos de uma concentração da banca espanhola no setor bancário nacional, sublinhando que a banca espanhola já detém mais de um terço do mercado em Portugal. Com a escolha do grupo francês BPCE, esse cenário é evitado, garantindo-se maior diversidade no panorama acionista da banca nacional.