Na conferência anual da agência de 'rating' em Lisboa, a analista Sarah Carlson considerou que a perspetiva ('outlook') positiva que a Moody's atribui ao 'rating' de Portugal se deve à "consolidação orçamental", concordando que Portugal deverá apresentar em 2020 excedente das contas públicas (o Governo estima excedente de 0,2% do PIB - Produto Interno Bruto), mas também ao caminho feito de redução da dívida pública.

Segundo considerou, a redução da dívida pública tem demonstrado ser "resiliente a choques", havendo perspetiva de que continuará a descer mesmo em cenários adversos, apesar de ainda ser muito elevada (segundo o Eurostat, no terceiro trimestre de 2019 caiu para 120,5% do PIB, o terceiro valor mais elevado na União Europeia).

Além disso, acrescentou Sarah Carlson, o setor bancário português está melhor (com melhoria da qualidade dos ativos e o setor privado menos endividado), o que contribui para a perspetiva positiva do 'rating' soberano de Portugal.

Ainda assim, segundo a analista, a Moody's continua a percecionar riscos orçamentais, por exemplo, devido à rigidez da despesa pública. A analista falou ainda da dívida dos hospitais e dos pagamentos em atrasos que estes acumulam.

A Moody's atribui a Portugal o 'rating' de 'Baa3' e a perspetiva em positiva, notação que foi confirmada em 17 de janeiro.

A Moody's é a única agência de 'rating' a ter a dívida de longo prazo de Portugal apenas um nível acima do 'lixo', já que as restantes agências colocam a notação da dívida nacional ao segundo nível da categoria de investimento.

O 'rating' é uma classificação atribuída pelas agências de notação financeira que avalia o risco de crédito (capacidade de pagar a dívida) de um emissor, que pode ser um país ou uma empresa.

Quanto à zona euro, na conferência hoje em Lisboa, a Moody's estima crescimento económico, mas tímido, considerando que o bloco é muito influenciável pelo que se passa no resto do mundo.

"Se algo põe pressão no comércio global, põe pressão no crescimento da Europa", afirmou Sarah Carlson.

Destacou ainda que tem sido positiva a queda do desemprego, sobretudo em países que mais sofreram com a crise, mas que o crescimento económico beneficiaria de maior força de trabalho.

Segundo a Moody's, seria positivo para a economia ser encorajada a entrada de trabalhadores mais velhos (acima de 55 anos) no mercado de trabalho, assim como de mais mulheres.

O analista Victor Garcia falou ainda do efeito do surto de coronavírus, considerando que terá mais impacto em setores como indústria automóvel, retalho e matérias-primas e nas empresas que tenham uma importante exposição ao mercado chinês.

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