Segundo o documento, apesar dos lucros gerados por aquele banco - que foi liderado durante vários anos, até à resolução, pelo português ex-Banif -, que já em 2020 tinham crescido quase 6%, os acionistas mantêm a opção de "não distribuir dividendos" no horizonte 2018-2022, para "potenciar a sua atividade", conforme "posição prudente e tendo em vista o reforço dos capitais próprios do banco".

O banco fechou as contas de 2021 com um resultado líquido superior a 444,2 milhões de escudos (quatro milhões de euros), um aumento de 51% face aos lucros de mais de 294,5 milhões de escudos (2,65 milhões de euros) em 2020.

Segundo a administração do BCN, este resultado foi alcançado num "contexto macroeconómico desafiante e ainda de incertezas, não obstante a retoma" após o impacto da pandemia de covid-19 em 2020, e "o volume substancial do nível de imparidades de crédito, em linha com o crescimento assinalável do volume de negócios".

"Efetivamente, o BCN teve um forte desempenho comercial em 2021, apresentando, em termos homólogos, um crescimento de 31% na carteira de crédito não titulada e de 8% na carteira de recursos", sublinha a administração do banco, um dos oito comerciais que operam no país.

O BCN é liderado pela seguradora cabo-verdiana Ímpar, com uma quota de 86,76%, sendo participado ainda pela Cruz Vermelha de Cabo Verde (4,44%) e vários investidores privados (8,80%), num capital social total de 900 milhões de escudos (8,1 milhões de euros) em 31 de dezembro de 2021.

Na mensagem que consta do relatório e contas, o conselho de administração afirma ainda que o "desempenho do BCN é espelhado pela sua solidez financeira, continuando o banco a apresentar rácios prudenciais acima dos requisitos regulamentares".

"Em 2022, o banco completa 25 anos da sua história, ainda debaixo das incertezas trazidas pela pandemia e num momento em que o mundo assiste a uma tensão política sem precedentes, adivinha-se, pois, um futuro desafiante e de incertezas. Não obstante, os principais indicadores de rendibilidade, solidez e de eficiência, indicam que o BCN tem condições para enfrentar os anos mais desafiantes que se avizinham e continuar, enquanto banco 100% cabo-verdiano, o seu desígnio de estar junto das empresas e das famílias, que ao longo desses 25 anos têm acreditado e depositado, em nós, a sua confiança", lê-se na mensagem.

Com 170 trabalhadores e mais de duas dezenas de agências no final de dezembro passado, o BCN fechou 2021 com uma carteira de crédito a clientes (bruta) superior a 21.264 milhões de escudos (192 milhões de euros), um aumento de 30,5% face a 2021, enquanto os recursos de clientes (essencialmente depósitos à ordem ou a prazo), cresceram 8,1%, para 23.573 milhões de escudos (213 milhões de euros).

Os capitais próprios do banco aumentaram 17,1% em 2021, para 3.214 milhões de escudos (29 milhões de euros), variação explicada pelos resultados líquidos do ano e pela não distribuição de dividendos relativos ao ano anterior.

O crédito em incumprimento no BCN passou de 8,3% do total em 2020 para 5,5% em 2021, equivalente a mais de 1.151 milhões de escudos (10,4 milhões de euros), uma descida de 12,1% no espaço de um ano.

No final de 2021 o ativo do BCN ultrapassava os 28.925 milhões de escudos (261,1 milhões de euros), mais 10,5% face ao ano anterior, enquanto o passivo subiu 9,6%, para 25.711 milhões de escudos (232,2 milhões de euros).

A instituição registou um produto bancário superior a 1.281 milhões de escudos (11,5 milhões de euros) o que corresponde a um aumento de 32,9% face ao período homólogo de 2020, "influenciado pelo desempenho positivo" da margem financeira e da margem complementar.

PVJ // VM

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