De acordo com o documento, apesar dos lucros gerados por aquele banco - que foi liderado durante vários anos, até à resolução, pelo português ex-Banif -, os acionistas mantêm a opção de "não distribuir dividendos" no horizonte 2018-2022, para "potenciar a sua atividade", conforme "posição prudente e tendo em vista o reforço dos capitais próprios do banco".

O banco fechou as contas de 2020 com um resultado líquido superior a 294,5 milhões de escudos (2,65 milhões de euros), crescimento que explica com o aumento da atividade comercial e que compara com os 278,4 milhões de escudos (2,5 milhões de euros) em 2019, que então representou um crescimento de quase 35% face a 2018.

O BCN é liderado pela seguradora cabo-verdiana Ímpar, com uma quota de 86,76%, sendo participado ainda pela Cruz Vermelha de Cabo Verde (4,44%) e vários investidores privados (8,80%), num capital social total de 900 milhões de escudos (8,1 milhões de euros) em 31 de dezembro de 2020.

Na mensagem que consta do relatório e contas, o conselho de administração do BCN recorda os impactos da pandemia de covid-19 e respetivas restrições, impostas para travar a transmissão do novo coronavírus, na atividade do setor.

"A par de medidas de adequação da presença física nas instalações, o banco fez igualmente investimentos em tecnologia no sentido de proporcionar aos colaboradores ferramentas e condições de trabalho remotos ao mesmo tempo em que levou a cabo ações de sensibilização no sentido de os seus clientes privilegiarem a utilização de canais remotos como a 'internet banking'", explica a administração.

Acrescenta que apesar de um "contexto de incerteza e de forte contração da atividade económica", o BCN manteve em 2020 "uma posição financeira forte", através do crescimento nos resultados líquidos, mas também ao nível da carteira de crédito, que subiu 4,6%, para um valor bruto de 16.301 milhões de escudos (148 milhões de euros), e nos recursos de clientes (essencialmente depósitos à ordem ou a prazo), que cresceram 3% face a 2019, para 21.807 milhões de escudos (198 milhões de euros).

"A par dos resultados alcançados, o BCN apresenta ainda rácios prudenciais sólidos que lhe permite enfrentar com confiança as incertezas futuras advenientes da pandemia", destaca a administração, apontando por exemplo a "sólida posição de solvência", com um rácio de capital de 17,6% em 2020 (contra os 15,5% de 2019), o "baixo nível" do rácio de crédito em incumprimento, que caiu 0,6 pontos percentuais, para 8,3% do total, e "uma estrutura de financiamento equilibrada", com um rácio de transformação de depósitos de 74,8%, além de "níveis de liquidez confortáveis e um elevado grau de eficiência operacional".

Os capitais próprios do banco cresceram 11,7% em 2020, para 2.744 milhões de escudos (24,9 milhões de euros), "variação explicada pelos resultados líquidos do ano e pela não distribuição de dividendos relativos ao ano anterior".

Segundo o relatório e contas, no final de 2020 o ativo do BCN ascendia a 26.176 milhões de escudos (237,5 milhões de euros), mais 8,3% face a 2019, enquanto o passivo subiu 7,9%, para 23.432 milhões de escudos (212,6 milhões de euros).

A instituição fechou o ano com 162 trabalhadores e mais de duas dezenas de agências e unidades especializadas no arquipélago.

PVJ // VM

Lusa/Fim