"Os dados do último inquérito do PMI [Índice do Poder de Compra das Empresas] continuaram a mostrar um declínio ligeiro nas condições de operação em Moçambique no mês de março, resultado das reduções na produção, novas encomendas e emprego", lê-se num comunicado enviado pelo Standard Bank à Lusa.

O documento acrescenta que "a escassez de matérias-primas e os atrasos nos envios reduziram o ritmo da melhoria dos prazos de entrega e provocaram um aumento moderado nos preços dos meios de produção" e assinala que "as empresas transferiram estes custos para os seus clientes".

O PMI mede a atividade empresarial, com os valores abaixo de 50 a significarem uma degradação das condições empresariais.

O Standard Bank aponta que "apesar de a tendência ter melhorado acentuadamente desde o segundo trimestre de 2020", os 49,1 pontos de Moçambique no principal indicador do PMI em março representam "a décima terceira descida no mesmo número de meses".

O documento assinala também que, em março, se verificaram "reduções no pessoal no setor privado moçambicano pelo segundo mês consecutivo" e que o índice de emprego corrigido de sazonalidade "desceu para o nível mais baixo dos últimos sete meses".

O Standard Bank aponta que apesar do atual cenário, "as empresas apresentaram mais uma visão otimista sobre o crescimento da atividade futura", com "aproximadamente 43% dos membros do painel previsto um aumento na produção".

Comentando os resultados, o economista-chefe do Standard Bank em Moçambique, Fáusio Mussá, disse que a atividade económica no primeiro trimestre deste ano foi "negativamente afetada pelas restrições impostas para ajudar a conter a segunda vaga da pandemia de covid-19", evocando as 49.093 infeções registadas nos primeiros três meses, contra os 18.373 casos confirmados em todo o ano de 2020.

Além da covid-19, Mussá apontou que fatores como fenómenos climáticos adversos que resultaram em perdas agrícolas e destruição de infraestruturas tiveram um impacto negativo no produto interno bruto moçambicano.

Da mesma forma, o economista-chefe do Standard Bank em Moçambique considerou que a violência na província de Cabo Delgado e o prolongamento do atraso nos trabalhos de construção do projeto de gás natural liquefeito Mozambique LNG constituem "outro importante revés para a economia nacional".

O PMI resulta das respostas de diretores de compras de um painel de cerca de 400 empresas do setor privado.

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