"Há muitas empresas fechadas, muitas sem atividade devido às restrições em vigor e este apoio para garantir que os trabalhadores continuam a poder receber é uma boa medida", disse à Lusa Óscar Lima.

"As pessoas vão ter, se calhar, que aguentar dois ou três meses uma situação complicada e ficarem sem emprego tornaria esses riscos ainda maiores para todo o país", salientou.

Óscar Lima reagia assim ao anúncio do Governo de que a comissão interministerial aprovou na sexta-feira um pacote de 19 medidas económicas para responder aos efeitos da covid-19 e que incluem, entre outras, um subsídio a famílias e apoios a trabalhadores e às empresas.

As medidas, que já vinham a ser discutidas há várias semanas, foram aprovadas durante uma reunião da comissão interministerial do Governo timorense para lidar com a covid-19, que deliberou também estender durante 30 dias o estado de emergência que está em vigor até 26 de abril.

Trata-se de medidas viradas especialmente para "proteger as pessoas, proteger empregos, sustentar o consumo e apoiar as atividades do setor privado" e incluem um subsídio para mais de 214 mil famílias durante três meses e o pagamento de até 60% dos salários de trabalhadores do setor formal que estejam com redução ou suspensão de contrato.

"Isso estabilizará o emprego e permitirá que as empresas continuem empregando seu pessoal essencial", de acordo com o Governo.

No caso do pagamento da ajuda salarial, a proposta prevê que o apoio aos salários seja feito com base na última declaração à Segurança Social e dado a empresas que se comprometam a manter os postos de trabalho.

A proposta prevê ainda a isenção do pagamento de contribuições para a Segurança Social, de empresas e de trabalhadores.

"Há muitas empresas sem atividade, especialmente na construção civil e no comércio, que não de bens essenciais. Há muita coisa parada e as empresas não conseguem aguentar isto", referiu Lima.

O presidente da CCI-TL defendeu que outra medida seria o Governo acelerar o pagamento de dívidas por projetos e a fornecedores, permitindo assim às empresas ter mais liquidez.

"Por isso exigimos ao Governo que pague as dívidas porque isso ajuda a ter alguma liquidez. Há empresas sem atividades, mas com dinheiro parado no Governo. Se pagarem, isso é ainda melhor para ter dinheiro a circular", disse.

Óscar Lima destacou a importância de apoios para o setor agrícola, para responder a possíveis cortes no fornecimento externo de bens essenciais, como para melhorar a produção timorense.

"A maioria do que consumimos, incluindo arroz, vem de fora e estamos a começar a ter problemas nos fornecimentos em vários países por causa das restrições lá", afirmou.

O pacote de medidas do Governo inclui "um programa de crédito considerável, com taxas de juros reduzidas, garantias de crédito para importadores de bens essenciais e empréstimos de emergência, para evitar falências, manter as empresas abertas e apoiar as famílias a resolver suas dificuldades financeiras".

Integra ainda medidas para aumentar a oferta de alimentos na costa sul e apoios para fortalecer a produção agrícola, pecuária e pesqueira.

Timor-Leste regista 18 casos da covid-19, com um paciente já recuperado.

A nível global, a pandemia de covid-19 já provocou mais de 153 mil mortos e infetou mais de 2,2 milhões de pessoas em 193 países e territórios. Mais de 483 mil doentes foram considerados curados.

Para combater a pandemia, os governos mandaram para casa quatro mil milhões de pessoas (mais de metade da população do planeta), encerraram o comércio não essencial e reduziram drasticamente o tráfego aéreo, paralisando setores inteiros da economia mundial.

 

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