"Resolver este conflito não passa única e exclusivamente por uma intervenção militar" que "infelizmente é necessária", disse Osman.

"Temos de ter consciência que esse sucesso será sempre temporário se essa intervenção militar não for acompanhada de um conjunto de medidas estruturais e económicas que visem colmatar o problema de pobreza na província de Cabo Delgado", referiu.

O gestor de negócios familiares no ramo da construção, comércio e hotelaria, sediado em Pemba, foi um dos oradores numa conferência organizada pelo Observatório do Meio Rural e pela Universidade Católica de Moçambique sobre o conflito armado.

Segundo o empresário, a população deixou de sonhar, por ter sido esquecida e esse é um problema que tem de ser resolvido.

"Não se trata somente de termos uma população pobre, mas de termos uma população que perdeu o sonho" de um futuro melhor, "por se sentir afastada dos centros decisórios, por se sentir esquecida nas políticas económicas do país", declarou.

"Esta população perdeu o sonho e é preciso restituí-lo", advogou.

Assif Osman considerou prioritário investir na rede rodoviária da província e apontou até um orçamento: mil milhões de dólares.

"Acho que era importante a província de Cabo Delgado investir na reabilitação, reconstrução e construção de novas infraestruturas rodoviárias" para permitir "a ligação de todos os distritos" e dar acessibilidade às zonas turísticas, precisou.

O empresário defendeu ainda uma ampliação da pista do Aeroporto Internacional de Pemba para receber mais voos internacionais e novos acessos para o porto da capital provincial.

A província de Cabo Delgado é rica em gás natural, mas, aterrorizada desde 2017, por rebeldes armados, sendo alguns ataques reclamados pelo grupo extremista Estado Islâmico.

O conflito já provocou mais de 3.100 mortes, segundo o projeto de registo de conflitos ACLED, e mais de 859 mil deslocados, de acordo com as autoridades moçambicanas.

Desde julho, uma ofensiva das tropas governamentais com apoio do Ruanda a que se juntou depois a Comunidade do Desenvolvimento da África Austral (SADC) permitiu o aumento da segurança, recuperando várias zonas onde havia a presença dos rebeldes, mas os ataques continuam em zonas dispersas da província e de regiões vizinhas.

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