Em entrevista à SIC, conduzida pela jornalista Clara de Sousa, o líder socialista recusou-se a especificar para já quantos escalões vai aumentar para subir a progressividade do IRS, alegando que, para tal, é necessário conhecer "a informação fina" proveniente da máquina fiscal.

"Aumentar a progressividade significa que os que têm maior capacidade contributiva vão pagar mais e os que têm menor capacidade contributiva vão pagar menos. A política deste Governo foi devastadora para a classe média, que paga tudo com os seus impostos. Com o esmagamento dos escalões, foi o setor que teve o maior aumento da carga fiscal", sustentou António Costa.

Por essa razão, segundo o secretário-geral do PS, o país "tem de permitir à classe média voltar a respirar - e isso implica alterar os escalões".

No caso da privatização da TAP, o secretário-geral do PS acusou o Governo de ter adotado um comportamento económico-financeiro "imprudente", mas também "inqualificável" do ponto de vista institucional por, alegadamente, não ter dialogado com os socialistas.

"Dentro daquilo que a lei nos permita, tudo vamos fazer para garantir que o Estado terá no mínimo 51 por cento do capital da TAP. Sabemos que o contrato foi ontem [quarta-feira] assinado, mas não é um contrato definitivo. É no fundo 'um contrato promessa' e que ainda está sujeito a um longo conjunto de autorizações", sustentou.

Durante a entrevista, o secretário-geral do PS voltou a defender medidas constantes no cenário macroeconómico dos socialistas, como a redução da taxa social única (TSU), quer para empresas, quer para trabalhadores, sustentando que serão compensadas por um aumento da diversificação das fontes de financiamento da Segurança Social e por um acréscimo do rendimento disponível das famílias.

Questionado se um trabalhador, individualmente, pode recusar uma redução das suas contribuições para o sistema público de Segurança Social, o líder socialista respondeu negativamente, mas, logo depois, procurou assegurar que os trabalhadores não terão qualquer penalização significativa na formação da sua pensão futura em resultado do desagravamento temporário das suas contribuições no período entre 2016 e 2019.

Neste ponto, depois de interrogado se vai aumentar a idade da reforma, António Costa disse não ter razões para alterar a Lei de Bases da Segurança Social de 2007 no que toca ao fator de sustentabilidade.

Em relação ao salário mínimo nacional, o secretário-geral do PS advogou a sua atualização anual, mas remeteu essa matéria para a concertação social.

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Lusa/fim