Na conferência de imprensa de apresentação das contas de 2021 (lucros de 583 milhões de euros, mais 18,7% do que em 2020), Macedo considerou que o plano estratégico de 2017-2020 "deixou a Caixa com uma posição de liderança única em Portugal, voltando a conquistar liderança no crédito à habitação", entre outras alterações.

Contudo, acrescentou, a Caixa Geral de Depósitos (CGD) tem de fazer mais, recordando que o acumulado dos resultados dos últimos 10 anos do banco público é de prejuízos.

Macedo deixou algumas ideias sobre a proposta para o plano estratégico 2021-2024, que tem de ser aprovado pelo próximo ministro das Finanças.

Desde logo, disse, é ambição que a "CGD não se autoexclua de segmentos de negócio", afirmando que o banco quer trabalhar com clientes de menores rendimentos (a CGD tem 42% das contas de serviços mínimos) mas também com aqueles de maiores rendimentos e património, e que não quer só a liderança do crédito à habitação mas também aumentar a quota no crédito ao consumo.

"Queremos tratar as necessidades do cliente de crédito de médio e longo prazo, mas quando se trata de fazer crédito ao consumo o cliente não ter de ir a outra entidade", afirmou.

Ou seja, Macedo quer que clientes da CGD usem mais serviços e produtos do banco e não procurem outras entidades financeiras desde logo quando se trata de negócios mais lucrativos para o banco.

"Temos a certeza de que seremos não apenas um banco de depósitos, mas um banco que serve o seu cliente na sua integralidade. E isto é muitíssimo novo para a Caixa. A Caixa há muitos anos que faz muita coisa bem e outras que não faz ou não faz com a dimensão que é preciso fazer. Manter o que sempre fez bem e passar a fazer um conjunto de coisas novas é uma ambição significativa", afirmou.

Para Macedo, o problema da CGD "não é falta de clientes" mas conseguir relacionar-se com os clientes "de forma completa, integrada".

Macedo disse ainda que a CGD deve continuar a ser um banco público e que o plano inclui "um plano muito claro de devolução dinheiro aos investidores" que recapitalizaram o banco (seja privados seja o Estado).

O novo plano estratégico, afirmou, implica ainda uma "posição da Caixa mais ambiciosa em termos de vendas digitais", ao mesmo tempo que quererá manter o seu papel de referência no sistema financeiro, incluindo nos preços.

Segundo Macedo, a CGD "tem as menores comissões por volume de negócios do mercado e as menores margens por valor de crédito concedido".

Sobre as comissões que o banco cobra, Macedo disse que em qualquer banco as taxas de juro remuneram o custo do capital e as comissões remuneram os custos operacionais (trabalhadores, estrutura, custos regulamentares) e considerou que "há demagogia" no tema das comissões.

"Às vezes parece que se acha que as comissões deviam acabar, ora, quando acabarem os trabalhadores não são pagos. Se os clientes nos dizem que não querem suportar comissões tão altas, os bancos têm de reduzir a estrutura de custos, não há outra forma", disse.

Quanto a trabalhadores, o gestor disse que nos próximos anos a CGD espera contratar 400 a 600 pessoas, sendo que é provável que por ano haja cerca de 300 funcionários que queiram aderir aos planos de pré-reformas e rescisões por mútuo acordo. Contudo, disse, a CGD avaliará em cada caso se tem interesse na saída dos empregados que se propuserem sair.

A CGD divulgou hoje que teve lucros de 583 milhões de euros em 2021, mais 18,7% do que em 2020. Sobre os dividendos que a distribuir, Macedo afirmou que "dependerá da conversas que o Conselho de Administração tiver com o acionista", o Governo em representação do Estado português.

Questionado também sobre a decisão do Banco de Portugal de limitar os prazos dos créditos à habitação, Macedo respondeu que compreende o receio do regulador face à subida dos preços do imobiliário e, logo, agravamento do esforço dos clientes.

Quanto à intenção do Governo de concentrar serviços no edifício-sede da CGD, em Lisboa, Macedo disse que vem desde 2019 a publicitação pelo banco da vontade de otimizar o espaço, partilhando com outras entidades, e que tem havido conversas com o executivo mas também com outras entidades (reguladores, grandes empresas) para isso. Referiu que também a Autoridade Tributária manifestou no passado interesse em ir para o edifício.

"A vontade da Caixa é clara" de alugar partes do edifício a outras entidades, afirmou, acrescentando, contudo, que é preciso tempo para reorganizar o espaço, tratar das condições de segurança, privacidade e acessibilidade para isso acontecer. Macedo afirmou mesmo que, no futuro, caso haja interesse, o espaço ocupado por outras entidades pode passar de 20 mil para 30 mil metros quadrados.

Sobre os recentes ataques informáticos, disse que a CGD tem uma preocupação grande com a sua cibersegurança mas que, face aos recentes ataques, "agudizam-se as preocupações", sem querer dar mais informação.

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