"Quase 80% dos moçambicanos usam lenha e carvão, este é um dado alarmante, na medida em que afeta as nossas florestas", disse à Lusa Manuel Cardoso, coordenador de projetos do Fórum de Energia e Desenvolvimento Sustentável de Moçambique, à margem de uma conferência sobre energias renováveis, organizada pela Associação Lusófona de Energias Renováveis (ALER) em Maputo.

Destacando o "enorme potencial do país" no que respeita às energias renováveis, Manuel Cardoso sublinhou que o Governo moçambicano precisa de criar mecanismos para o aproveitamento de outros tipos de energia, evitando a dependência da energia hidroelétrica e de biomassa.

"Há uma necessidade de o país aproveitar outras formas de energia que possui, energia eólica e solar, por exemplo", afirmou, reiterando que investindo nestas fontes alternativas o Governo vai conseguir evitar a pressão que está a ser exercida sobre as florestas.

Além da adoção de fontes de energia alternativas, Manuel Cardoso apontou a falta de investimentos e a consciencialização das populações, através da educação ambiental, como alguns dos principais desafios para Moçambique no setor.

"Por exemplo, a maior parte da nossa população que usa energias de biomassa não tem noção das consequências ambientais disso e nós precisamos educar estas pessoas", lamentou Manuel Cardoso.

Isabel Cancela de Abreu, diretora executiva da ALER, disse, por sua vez, à Lusa que Moçambique precisa de dar acesso a formas modernas e alternativas de energia às populações das zonas mais recônditas, lembrando que apenas 25 % da população moçambicana tem acesso a eletricidade.

"O país tem uma enorme capacidade ao nível de energias renováveis, com mais de 23 mil gigawatts de potencial, e é imperioso que se aproveita tudo isto ", declarou, apontando a capacitação de mão-de-obra e o financiamento de projetos que incentivem o uso de fontes de energia renovais como os principais desafios para o país nos próximos anos.

EYAC // SMA

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