Conforme dados que constam do último relatório do grupo (que integra a Electra SA, Electra Norte e Electra Sul), a que a Lusa teve hoje acesso, as perdas de eletricidade globais, incluindo situações técnicas e não técnicas, como ligações ilegais, atingiram em 2019 os 110 GigaWatts-hora (GWh), equivalente a 24,8% da produção total do ano.

Trata-se de uma recuperação de 0,7% face ao peso de 25,5% registado no ano de 2018.

"Os níveis de perdas e dívidas de clientes continuam a constituir os principais constrangimentos da empresa que, deste modo, se vê privada de importantes recursos. Apesar de se ter registado uma ligeira redução comparativamente ao ano anterior", lê-se no relatório e contas.

Acrescenta que os resultados daquele grupo estatal do setor da produção e distribuição de eletricidade e água - que o Governo pretende privatizar -- continuam a ser impactados pela performance negativa da empresa Electra Sul (que serve as ilhas do sul do arquipélago, nomeadamente Santiago, que concentra a maior parte da população), nomeadamente face aos níveis de perdas comerciais (sobretudo no Praia) e o volume de dívidas de clientes.

Ainda assim, o grupo Electra fechou as contas de 2019 com um resultado líquido negativo de 368.625 milhões de escudos (3,3 milhões de euros) -- afetado pelos prejuízos da Electra Sul e apesar dos lucros registados pela Electra Norte -, o que representa menos de metade dos prejuízos de 866 milhões de escudos (7,8 milhões de euros) de 2018, que foi então próximo ao de 2017.

Globalmente, a energia total produzida em 2019 no arquipélago foi de 443,6 GWh, representando um aumento de 14,1 GWh (3,3%) em relação ao período homólogo de 2018, enquanto a taxa de penetração total de energias renováveis desceu 2,2 pontos percentuais, para 18,6% do total, proveniente dos parques públicos, nomeadamente eólicos (600 KW) e solares fotovoltaicos (6.750 KW), mas também dos parques privados eólicos (23.450 KW) instalados nas ilhas de Santiago, São Vicente, Sal e Santo Antão.

"Decorre atualmente o processo de negociação com novos promotores (PPP - Parcerias Público-Privadas) para a instalação de novo parque solar fotovoltaico de 10 MW na ilha de Santiago", reconhece a empresa.

Já a produção de água potável cresceu em 2019 para 8,5 milhões de metros cúbicos em 2019, enquanto o número de clientes do serviço de eletricidade subiu para 152.924 e de água aumentou para 29.469.

O grupo Electra fechou 2019 com 805 trabalhadores, número praticamente idêntico ao do ano anterior.

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