As novas estimativas constam do Boletim Macrofiscal elaborado trimestralmente pela Secretaria de Política Económica do Ministério da Economia brasileiro e já levam em conta as novas ameaças à maior economia latino-americana, entre as quais a guerra entre a Rússia e a Ucrânia.

Apesar da revisão para baixo da projeção do PIB este ano, a previsão do Governo brasileiro é bastante otimista quando comparada com os dados elaborados pelo Banco Central e por economistas.

Enquanto o Banco Central espera um crescimento de 1% este ano, os economistas de mercado esperam uma subida de apenas 0,49%.

Como consequência da crise gerada pela pandemia, a economia brasileira reduziu-se 3,9% em 2020, a sua maior queda em mais de duas décadas, mas, com a reativação das atividades, reagiu no ano passado, quando o PIB cresceu 4,6%, o maior aumento registado numa década.

Economistas preveem que essa recuperação não será sustentada em 2022 devido a diversos fatores que ameaçam o Brasil, como o aumento da inflação, as altas taxas de juro e a incerteza gerada pelas eleições presidenciais de outubro.

A esses fatores soma-se agora a guerra entre a Ucrânia e a Rússia.

"Há riscos este ano que precisam ser observados, principalmente a guerra na Ucrânia e os seus impactos nas cadeias globais de valor, que já passavam por dificuldades devido à pandemia. Além disso, o risco da própria pandemia no crescimento económico e na inflação continua em avaliação", admitiu o Ministério da Economia no seu relatório desta quinta-feira.

Apesar dessas ameaças, o Brasil manteve a sua projeção de crescimento para a economia em 2023 em 2,5%.

A guerra também levou o Governo sul-americano a aumentar a sua projeção para a inflação este ano em quase dois pontos, para 6,55%, quase coincidindo com a previsão dos economistas (6,45%), e a admitir que o índice de preços ultrapassará pelo segundo ano consecutivo a meta estabelecida pelo Banco Central.

O Brasil tem uma meta de inflação de 3,5% em 2022, com margem de tolerância de 1,5 pontos percentuais para mais ou para menos.

No documento em que elevou a sua projeção para a inflação deste ano, o Ministério da Economia atribuiu a sua decisão ao aumento dos preços internacionais das matérias-primas e admitiu que a atual guerra no leste europeu pressiona ainda mais os preços.

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