"Senhor Macron? Senhor Macron não está bem", disse Mourão ao ser questionado sobre declarações do Presidente francês na terça-feira.

Hamilton Mourão também afirmou que Macron "externou os interesses protecionistas dos agricultores franceses", num discurso dirigido a um "público interno".

Na terça-feira, Macron disse que a dependência da Europa da soja brasileira endossa "a desflorestação da Amazónia."

"O senhor Macron não sabe nada sobre a produção de soja no Brasil. Nossa produção de soja é feita no cerrado (bioma localizado na região central) ou no sul do país. A produção agrícola na Amazónia é mínima", rebateu o vice-presidente brasileiro.

"Aqui no Brasil, menos de 8% do nosso território é dedicado à agricultura, enquanto na França é mais de 60% (...) Nesse quesito, podemos dizer que estamos batendo o francês por 10-0", acrescentou Mourão, que preside ao Conselho da Amazónia, órgão responsável pela coordenação das políticas públicas de desenvolvimento sustentável da Amazónia brasileira.

A questão da desflorestação da Amazónia, que continua batendo recordes desde a chegada ao poder do Presidente brasileiro, Jair Bolsonaro, há dois anos, é um dos principais entraves à ratificação pelos países europeus do acordo comercial entre a União Europeia e o Mercosul (bloco formado por Brasil, Argentina, Paraguai e Uruguai).

Um total de 8.426 quilómetros quadrados da floresta amazónica foram devastados no Brasil em 2020, a segunda pior marca anual desde 2015, segundo dados divulgados pelo Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE) na semana passada.

A Amazónia é a maior floresta tropical do mundo e possui a maior biodiversidade registada numa área do planeta, com cerca de 5,5 milhões de quilómetros quadrados e inclui territórios do Brasil, Peru, Colômbia, Venezuela, Equador, Bolívia, Guiana, Suriname e Guiana Francesa (pertencente à França).

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