O primeiro semestre de 2025, em investimento, superou o de qualquer ano completo entre 2020 e 2024 para o Banco Português de Fomento (BPF). Mais especificamente, os 307 milhões executados nestes primeiros seis meses superaram em 169% o montante aplicado em todo o ano de 2024. “É para isso que nós existimos: para servir as empresas”, realça a ‘chief investment officer’ do BPF, Teresa Fiúza.

Fiúza destaca que não houve alterações aos programas nem ao apetite ao risco, mas sim os processos internos. “Estamos a demorar menos de uma semana a contratar”, destacou.

Programa de ‘venture capital’ do PRR tem execução acima de 70%. Subiu de 25%, 65 milhões, para 73%, com 189 milhões, entre dezembro e junho.

O BPF, nos instrumentos indiretos, tem uma 400 milhões dotados para venture capital e 500 milhões para o programa Consolidar, dos quais já executou 189 milhões e 287 milhões, respetivamente. Nos instrumentos diretos, há uma dotação de 20 milhões para capital participativo Açores, 200 milhões para o ‘deal-by-deal’ e outros 200 para a recapitalização estratégica. Destes, já foram executados 7 milhões do capital participativo Açores, 59 milhões do ‘deal-by-deal’ e 105 milhões da recapitalização estratégica.

O Grupo Banco Português de Fomento concluiu o primeiro semestre de 2025 com um resultado líquido de 8,9 milhões de euros, menos 18% do que no período homólogo. O BPF por si só alcançou um lucro de 8 milhões, menos 3,2 milhões do que nos primeiros seis meses de 2024. O CEO do BPF, Gonçalo Regalado, reforça que a instituição “nunca será um banco de resultados multimilionários”. “O dinheiro não tem de estar parqueado”, deve estar “ao serviço das empresas”, defende.

O ativo total do banco fixou-se em 655,6 milhões, abaixo dos 746,3 milhões do ano anterior. A margem financeira alcançou 5,3 milhões, menos 3,9 milhões em relação ao semestre homólogo. Já o produto bancário caiu 3,9 milhões face a 2024 para 19,9 milhões.

Apresentação dos resultados | Foto: BPF

No que diz respeito aos custos, estes subiram 1,7 milhões para 9,3 milhões, mas destaca-se os 9,7 milhões de diferença quando comparado com os 19 milhões orçamentados pelo banco. Ainda assim, o banco teve uma subida do rácio de eficiência para 47%, o que compara negativamente com os 32% do período homólogo.

Sobre o avanço do negócio da instituição, foi revelado que a linha BPF Invest Export já recebeu 20 mil candidaturas, com metade destas a serem aprovadas e um total de 6 mil contratos assinados. O BPF informa ainda que chegou a 12 mil clientes, sendo 90% deles novos.

O ‘chief comercial officer’ do BPF, Luís Guimarães, destacou dois “projetos estruturantes” para o país, nas áreas da infraestrutura e mobilidade e da saúde e coesão.

O BPF tem na calha a candidatura de 4 mil milhões de euros da AI Gigafactory. Este projeto é um de 76 candidatos. Regalado destaca que Portugal tem uma candidatura única, coisa que não acontece em muitos países da Europa. “Temos uma das candidaturas com uma maior probabilidade entregar uma fábrica feita em 2027”, destaca ainda o CEO do BPF. “O desafio é não colocar Portugal a perder por falta de presença”, argumenta.

Na ótica do ‘compliance’, 58% das recomendações de controlo interno foram encerradas, adianta a ‘chief compliance officer’, Marta Penetra. O BPF criou comités internos para revisão de procedimentos. São nove estas estruturas de competência deliberativa e responsáveis por “decisões estratégicas e operacionais em áreas críticas”, criando um “reforço da ‘governance’ e promovendo um “alinhamento transversal”.

O ‘chief operations officer’ (COO), Tiago Mateus, destaca que a equipa atual encontrou “ausência de cultura de inovação e uso de ‘agile’ nos projetos de IT”, bem como “sistemas de ‘legacy’ difíceis de evoluir” e “falta de tecnologia e competências para automação e IA”.

Para os próximos dois anos, o COO revela os pilares para os próximos dois anos: infraestrutura e resiliência escalável, segurança e conformidade, experiência de cliente, inovação e agilidade e eficiência operacional. Estes fundamentos implicam medidas como a migração para ‘cloud’, um plano de continuidade do negócio, um novo software de gestão do negócio, bem como automação de processos de otimização de sistemas, a par de laboratórios de inovação.

Para os próximos 12 meses, Tiago Mateus enumera dez entregas, entre as quais a implementação de uma ferramenta de e-mail marketing, um novo software de gestão de pessoas e despesas, um novo portal interno “Somos Fomento” e ainda um novo software de gestão de capital.

Estratégia de garantias mobiliza mais de 20 mil milhões em financiamentos, destaca a instituição. Para o terceiro trimestre, estão previstas quatro linhas do Portugal 2030,de 3 mil milhões, as linhas habitação, com 2 mil milhões, e o PRR investimento empresarial, com 315 milhões. Para o último trimestre, o BPF tem ainda o ADN+ e o MPE 2025, de 1,3 mil milhões, e o Invest EU, de 6,5 mil milhões.

O presidente executivo do BPF garante que “há urgência, rapidez e celeridade em todas as equipas” do banco. “Se estamos a demorar muito, não estamos a ser eficientes”, reitera o líder do BPF. Regalado defende que o banco deve ter um intervalo de três a quatro meses no tratamento dos processos, de forma a que o dinheiro chegue atempadamente às empresas. O CEO destaca ainda as pré-aprovações de garantias a mais de 150 mil empresas.

Questionado sobre os rácios de NPL do banco, Regalado esclarece que estes números serão revelados quando estiver finalizada a análise dos mesmos e desenhado o plano para lidar com esta situação. O líder do banco indicou apenas que este é “um desafio grande herdado” e que não está “satisfeito” com a situação atual, criticando a ausência de uma política ativa de recuperação, como a que existe na banca comercial.

Em relação ao financiamento na área da defesa, o CEO aponta que o BPF vai estar “disponível” e vai ter uma resposta, sempre em linha com o Banco Europeu de Investimento e a política de defesa europeia. Da parte do órgão europeu, este adiantou aos bancos soberanos, segundo Gonçalo Regalado, que será através destes que será feita a distribuição do financiamento.

Até ao final do ano, o BPF adianta que devem ser integradas as quatro sociedades de garantia mútua numa única entidade, para “maior eficácia e impacto”.

Indústria é o setor líder no que toca ao impacto, tanto em montante financiado como em candidaturas. Segue-se o comércio, outros serviços e transportes e turismo. Em termos geográficos, Lisboa e Porto seguem na frente do financiamento, com Braga a completar o pódio.

Atualmente, trabalham no BPF 596 pessoas, sendo que está aprovado um reforço de mais 40 em diversas áreas.