O mercado de capitais reage à decisão de quatro altos funcionários do Ministério da Economia, que renunciaram aos seus cargos durante as manobras do Governo para flexibilizar as regras de responsabilidade fiscal.

Na abertura do pregão, o dólar valorizou 0,60% e rompeu o teto de 5,70 reais para compra e venda, pelo câmbio comercial brasileiro.

O mercado do país sul-americano começou com queda de 0,37% após cair 2,75% na véspera, pressionado pela enorme incerteza fiscal em torno dos planos do Governo de aumentar os gastos sociais em 2022, ano em que o Presidente do país, Jair Bolsonaro, tentará a reeleição.

Às 11:00 (horário de Brasília) o Ibovespa, principal índice da B3, caía 2,07% e estava aos 105.527 pontos.

O executivo brasileiro pretende alterar o teto de gastos a fim de obter recursos suficientes para financiar um vasto programa de subsídio social com valor mínimo de 400 reais (60,3 euros) que beneficiaria cerca de 17 milhões de famílias pobres no país.

Na noite de quinta-feira a Câmara dos Deputados deu o primeiro passo para endossar os planos do Governo ao aprovar em comissão especial a modificação do teto de gastos e também adiar o pagamento de parte das dívidas judiciais do Estado, o que liberará mais recursos para 2022.

No meio destas discussões, quatro funcionários do Ministério da Economia renunciaram: o secretário especial do Tesouro e Orçamento, Bruno Funchal, e o secretário do Tesouro Nacional, Jeferson Bittencourt, e os secretários adjuntos de ambas as áreas, Gildenora Dantas e Rafael Araujo.

Todos os quatro alegaram motivos pessoais.

O secretário de Petróleo, Gás e Biocombustíveis do Ministério de Minas e Energia, José Mauro Coelho, também renunciou horas depois de Jair Bolsonaro anunciar a intenção de criar outro subsídio para ajudar 750 mil motoristas de camião que têm sofrido com o aumento do preço dos combustíveis.

No meio dessas turbulências, Bolsonaro defendeu suas iniciativas sociais e ironizou com o mercado dizendo que os agentes ficaram "nervosinhos" na noite de quinta-feira.

"Se vocês explodirem a economia do Brasil, mercado (...) vão ficar prejudicados também", disse o chefe de Estado brasileiro numa transmissão nas redes sociais.

CYR // LFS

Lusa/Fim