Estimativas divulgadas pelo sindicato patronal que reúne as maiores indústrias do país destacam que as perdas, na ordem dos 1,2 mil milhões de euros, ocorrem devido à subida de preços da energia elétrica, desencadeada pela falta de chuvas no país.

O alto custo da eletricidade também vai reduzir o consumo das famílias brasileiras neste ano em sete mil milhões de reais (cerca de mil milhões de euros).

Alem disto, as exportações devem cair 0,23% e haverá perdas de 166 mil empregos, segundo o mesmo estudo da CNI.

As expectativas indicam que o PIB industrial, que inclui as indústrias extrativa e de transformação, serviços industriais de utilidade pública e construção, deve cair 0,17% para 2,2 mil milhões de reais (cerca de 340 milhões de euros) face ao que seria alcançado no Brasil sem o aumento do custo da energia elétrica.

O próprio setor elétrico será bastante afetado, pois ao criar um custo extra pelo serviço para que as pessoas consumam menos energia, a procura dos consumidores tende a ser reduzida.

Após a retração económica de 4,1% em 2020 sofrida pelo Brasil com a pandemia de covid-19, as projeções do Governo, do mercado e do Banco Central apontam para um crescimento próximo a 5% em 2021, estimativa que poderia ser maior se o país não tivesse sofrido com a seca, que levará cerca de um décimo do potencial de expansão do PIB, segundo o estudo da confederação da indústria.

Entre setembro de 2020 e abril de 2021, o Brasil teve o pior período de chuvas dos últimos 91 anos, que limitou a produção de energia hidroelétrica e obrigou à utilização de termoeléctricas cujos custos são maiores.

A subida dos preços cobrados pela energia já começa a fazer-se sentir nas empresas, onde os custos de produção têm subido à medida que elas necessitam de energia adicional para manter a sua atividade.

As perspetivas também não são otimistas para 2022, ano em que a crise hídrica aprofundará as dificuldades já previstas pelos economistas, o que pode mergulhar o país numa nova recessão causada pelo aumento da inflação, subida do desemprego, receios de que Governo abandone a austeridade fiscal e incertezas geradas pelas eleições presidenciais.

Segundo o estudo da CNI, estima-se que até 2022 as perdas do PIB do Brasil com a crise hídrica saltarão para 14,2 mil milhões de reais (2,2 mil milhões de euros), o que representa uma queda de 0,19% do PIB.

Da mesma forma, prevê-se a perda de cerca de 290 mil postos de trabalho no próximo ano face ao número de pessoas ocupadas entre abril e junho de 2021.

Já o consumo das famílias deve cair 0,26% enquanto as exportações tendem a ser reduzidas em 0,41% . A CNI estima que o PIB industrial diminuará 0,29% em 2022 no país sul-americano.

 

CYR // JH

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