A informação foi hoje avançada pelo ministro de Estado para a Coordenação Económica, Manuel Nunes Júnior, após a entrega da proposta de lei do Orçamento Geral do Estado (OGE) para 2021 à Assembleia Nacional.

Manuel Nunes Júnior disse que Angola tem tido um crescimento negativo desde 2016, prevendo-se que a curva negativa chegue à base em 2021, "para depois começar a crescer".

"Para 2021, consideramos que vai ser o ano em que vamos fazer a inflexão da curva. Temos uma curva negativa, vamos chegar à base para depois começar a crescer, a ideia é que em 2021 tenhamos uma taxa global de crescimento nula, zero", frisou.

O governante considerou que apesar do quadro, "o mais importante a referir é que o setor não petrolífero vai crescer 2.1%", o que é importante por ser o setor que mais gera empregos.

"Estamos a falar da agricultura, agroindústria, da indústria extrativa, da indústria transformadora, da construção, das pescas. Todos esses setores, que são intensivos em mão-de-obra, terão um crescimento de 2.1%", apontou, enquanto o setor petrolífero terá um crescimento negativo previsto de 6,2%.

"Pensamos que em 2021 iniciaremos um processo de início da retoma económica do país", adiantou.

O ministro considerou que a proposta de OGE para 2021, com receitas e despesas de 14,78 biliões de kwanzas (19,3 mil milhões de euros), elaborado com o preço conservador de referência de 39 dólares (33,3 euros) por barril de petróleo, contra os 40 dólares perspetivados pelas agências económicas internacionais, apresenta um défice fiscal de cerca de 2,2% do Produto Interno Bruto (PIB).

Segundo Manuel Nunes Júnior, desde 2018 que Angola vinha registando superavits fiscais, depois de défices em 2016 e 2017, graças ao Programa de Estabilização Macroeconómica que o executivo vem levando a cabo.

Em 2019, foi igualmente registado um superavit fiscal, mas no ano em curso, devido à situação da pandemia de covid-19 vai haver um défice fiscal de cerca de 1,5% do PIB.

"Mas a previsão no OGE revisto de 2020 era que teríamos um défice de 4% do PIB. Portanto, interrompemos em 2020 a trajetória de superavits fiscais que estávamos a ter e em 2021 vamos também continuar a ter um défice fiscal de cerca de 2,2 % do PIB", afirmou.

Já as perspetivas para o próximo ano "continuam envoltas em incertezas", devido à situação global de pandemia que irá condicionar muito a dinâmica do crescimento económico a nível internacional.

Por isso, prosseguiu Manuel Nunes Júnior, considerando todas as incertezas, a proposta de OGE para 2021 apresenta um preço de petróleo conservador, para o país estar preparado para eventuais situações difíceis.

"Tudo que aparecer acima disso será sempre um bónus para nós e para a economia do país", enfatizou, garantindo que para o orçamento do próximo ano, o Governo vai prosseguir com dois grandes objetivos, nomeadamente o da continuação da consolidação fiscal e da revitalização da vida produtiva.

No que se refere ao primeiro objetivo, o desafio é ter as finanças públicas controladas, sobretudo a dívida pública, fazendo com que continue a manter-se controlada e em níveis que não coloquem o país numa situação de insustentabilidade.

"A nossa dívida tem estado a aumentar de ponto de vista nominal, sobretudo porque em 2019, o kwanza sofreu várias desvalorizações, e como a nossa dívida externa é denominada em dólares, a conversão em kwanzas, tendo a moeda nacional perdido valor, são precisos muito mais kwanzas, então em termos nominais a dívida aumenta", explicou.

O outro grande objetivo é continuar a aumentar a produção nacional de modo significativo, para reduzir as importações, diversificar as exportações e fazer com que a economia seja menos dependente de recursos petrolíferos e, por conseguinte, menos vulnerável aos choques externos, como a variação do preço do petróleo no mercado internacional.

Relativamente à inflação, Manuel Nunes Júnior disse que para este ano devido à pandemia estima-se que venha situar-se à volta dos 25%, contra os 17% em 2019.

"Houve aqui um crescimento de 17% para 25%. Para 2021, haverá uma tendência para decrescer a taxa de inflação e retomarmos a trajetória em que já estávamos, de decréscimo da taxa de inflação, por isso prevê-se uma taxa de inflação acumulada de fim de período de cerca de 18,7%", indicou.

Manuel Nunes Júnior sublinhou que as consequências da crise económica e financeira mundial são enormes para Angola, tanto que em julho passado teve de proceder a uma revisão do OGE deste ano.

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