
O treinador da equipa feminina de futebol do Torreense sublinhou, em entrevista à Agência Lusa, que a conquista da Taça de Portugal foi o coroar de uma temporada marcada pela "união, resiliência, atitude, qualidade, organização e talento".
"Demos uma mostra nessa final de muitas das coisas que nos fizeram lá chegar, nomeadamente da nossa união, resiliência, atitude e compromisso por objetivos comuns. E, depois, aquilo que em muitos momentos do jogo também conseguimos mostrar, da nossa qualidade, da nossa organização, do talento das nossas jogadoras", enfatizou Gonçalo Nunes.
No dia 17 de maio, o emblema azul grená conquistou pela primeira vez na história a prova rainha depois de se ter superiorizado ao favorito Benfica, por 2-1, após prolongamento.
Em desvantagem desde os 24 minutos, devido ao golo de Cristina Martín-Prieto, a formação de Torres Vedras conseguiu igualar já aos 90+6 minutos, por intermédio de Janaina Weimer, chegando mesmo à vitória no último minuto do prolongamento, num tento histórico e da autoria de Salomé Prat.
Sobre o resultado, o técnico falou em "estrelinha", que terá faltado noutros momentos, e numa vitória de "David contra Golias".
"Não gosto de falar de justiça nem de injustiça, pois o Benfica também fez por ganhar, mas nós também fizemos muito por isso. Foi um bocadinho a vitória da irreverência, da ousadia, da identidade, acho que o 'David' conseguiu bater o 'Golias' e foi a vitória de um grupo que passou de um ano excelente a um ano épico", salientou.
A conquista da inédita Taça de Portugal, salientou, reflete a temporada "histórica e de sonho" do Torreense, que atingiu ainda as meias-finais da Taça da Liga tendo terminado a Primeira Liga na quarta posição, a um ponto dos lugares de possível apuramento para a Liga dos Campeões.
E para o alcançar, o líder da equipa do Oeste destacou a união, "sempre presente e que ficou vincada quando as coisas correram menos bem", a resiliência e demais atributos da sua equipa.
"Dissemos sempre que queríamos fazer melhor, que queríamos fazer história no clube, quebrar barreiras e recordes e transpor tudo isso. E que melhor maneira de acabar a época do que com um título inédito, alcançado, ainda por cima, num jogo com o pentacampeão?", questionou.
Sobre o futuro, o técnico, que revelou que a renovação estará encaminhada, abriu horizontes.
"É claro que subir degraus traz sempre maior responsabilidade, talvez maior pressão, porque a expectativa será certamente maior à volta do nosso clube, e nós temos consciência disso, o clube tem consciência disso", frisou antes de salientar que não pretende "uma equipa de uma época só".
Nesse sentido, há caminho para trilhar. "Não queremos ter sido só a surpresa. Mais do que os resultados, o nosso grande objetivo no futuro é mantermos esta identidade, esta capacidade de sabermos que temos de estar no nosso melhor, mas de sabermos que é possível ganhar a qualquer equipa em qualquer prova, quer seja numa prova regular e a somar três pontos, quer seja numa prova a eliminar", enfatizou.
Entretanto, e já após a conquista da Taça de Portugal, o plantel recebeu mais boas notícias.
As torreenses Carolina Correia e Samara Lino estrearam-se na convocatória da seleção portuguesa, que vai contar ainda com a já repetente Bárbara Lopes para disputar a quinta e sexta jornadas da Liga das Nações, e Daniuska Rodríguez foi chamada aos compromissos da seleção principal da Venezuela.
Além do quarteto, Bruna Ramos e Raquel Ferreira foram ainda convocadas para o embate da seleção portuguesa de sub-23 diante da congénere espanhola, a 1 de junho.
"O coletivo vai sempre exaltar e trazer visibilidade a tudo o que é individual, nos diferentes papéis, nas diferentes áreas", destacou o técnico, que se mostrou bastante satisfeito pelas suas atletas e que sustentou que as convocatórias são momentos "únicos e históricos", também fruto do "trabalho de equipa".