O treinador do Paredes, Tarantini, destacou esta segunda-feira o risco assumido no início da época e a evolução da equipa até à subida à Liga 3, apontando a estrutura e o apoio como fatores-chave.

"Ontem [domingo] sofri, foi o jogo em que mais sofri, porque é muito duro ter o sucesso de uma época a depender de um jogo. Imagino o lado do Marco", disse Tarantini, em declarações à agência Lusa.

Um dia após o empate sem golos com o Marco 09, que garantiu a promoção na última jornada da fase de subida do Campeonato de Portugal, o técnico reconheceu que teve de "fechar mais o jogo" numa fase da partida, lamentando a falta de eficácia nas duas melhores oportunidades, e confessou sentir "um grande alívio" no final.

Na época de estreia como treinador principal, o antigo médio, de 41 anos, lembrou que aceitou o desafio com consciência do risco, mas também da ambição envolvida, considerando que "esta energia nova e ambição grande" que encontrou lhe fizeram recordar a época em que Nuno Espírito Santo chegou ao Rio Ave.

Sobre as dificuldades sentidas, referiu o contexto exigente do Campeonato de Portugal, realçando as diferenças entre jogar em casa e fora e a dureza de algumas partidas.

"Levámos algumas porradas, mas também foram essas porradas que nos fizeram crescer para o playoff'", afirmou.

Tarantini classificou a fase final como "de uma brutalidade incrível", apesar da atratividade do modelo para os adeptos, tendo em conta que "são poucos jogos de grande dificuldade, contrariando o que acontece na fase regular".

"Além disso, é muito duro ver tantas equipas a descer ou, pensando noutros emblemas, acabar em primeiro na fase regular e depois não subir", argumentou, num tom mais crítico relativamente ao modelo de competição.

Segundo o técnico, a envolvência em torno do clube foi determinante para o sucesso, repartindo o mérito entre a estrutura, os adeptos - "sempre apaixonados" - e os jogadores, 20 deles novos no plantel, "por acreditarem e aplicarem em campo as ideias da equipa técnica".

Com mais um ano de contrato, Tarantini mostrou vontade em continuar e defendeu a importância de profissionalizar ainda mais o clube, com departamentos mais próximos da equipa.

A ambição é partilhada pelo presidente do clube, Pedro Silva, que contabiliza três subidas e um título nacional em oito anos.

"Já identificámos as prioridades e queremos continuar a melhorar com mais meios o departamento de performance, o mesmo acontecendo, por exemplo, na parte médica, com a integração de mais profissionais ligados à psicologia ou nutrição", disse Pedro Silva, à agência Lusa.

O dirigente frisou que "hoje há 50 pessoas a trabalhar no dia-a-dia do clube" e valorizou o papel dos adeptos e da claque, destacando também a parceria com o investidor Rui Caetano, que permitiu reforçar os departamentos e a capacidade de investimento.

A preparação da nova época arrancou ainda durante os festejos da subida. O objetivo passa por consolidar o projeto e garantir um campeonato tranquilo.

"O projeto passa por subir duas vezes em cinco anos e metade foi cumprido logo no primeiro, mas temos de ser equilibrados. A época será muito competitiva, com grandes equipas e investimentos, e só um Paredes forte e bem preparado poderá dar uma boa resposta", concluiu.