Grande parte da conferência de Imprensa desta quarta-feira de Ange Postecogou, treinador do Tottenham, em Bilbau, foi sobre o seu futuro. O treinador australiano, nascido na Grécia, não se escondeu, chegou a dizer que nem com a conquista da Liga Europa sente que o seu trabalho em Londres está feito e lembrou que já antes passou pela sensação de estar a viver o último jogo num clube e sobreviveu.

«Não, não falei sobre o meu futuro com os jogadores porque não seria bom para eles. Nada é garantido na vida ou no futebol, e eu já estive nesta posição antes. Nada é mais importante para mim do que fazer tudo para este clube aproveite esta oportunidade. Não seria a primeira vez que mudava de emprego… Venci no Celtic e saí, venci no Brisbane e saí», atirou, antes de reagir a nova insistência: «O meu futuro está assegurado, meu caro. Desde que tenha saúde, a minha família, os meus amigos. Está assegurado, mate

«Não interessa se é o meu penúltimo ou último jogo ou não no clube. A oportunidade é a mesma, para mim e para o clube. Temos a oportunidade de conseguir algo especial. Devo preparar os jogadores para que estejam no seu melhor e os do Manchester United não estejam. A forma anterior de uma equipa não interessa numa final. Talvez na Premier League interesse, mas aqui não. Interessa sim a forma como os jogadores encaram uma ocasião destas. Como vivem o momento e a oportunidade. O que acontecerá depois deixa-me muito confortável. Se ganharmos, vamos tentar ganhar mais troféus», atirou o técnico.

Outras ideias se seguiram. A de que a Liga Europa «é um prémio grande, com a qualificação para a Liga dos Campeões associada, ainda que o clube já tenha estado recentemente na competição e não ganhe um troféu há muito» e que esse troféu «não significa que o trabalho esteja feito», porque «há muito a fazer e o crescimento poderia levar o clube a outras conquistas».

A conferência decorreu sempre um pouco à volta do próprio Postecoglou. Em certos momentos, pareceu mesmo uma despedida. «Tinha objetivos, prioridades muito claras. Dei o melhor que tinha para alcançar esses objetivos, que eram lutar por troféus, renovar a equipa e o modo de jogo. E há aqui uma oportunidade para o clube de mudar de cultura…»

Ange declarou-se orgulhosamente grego e australiano, raízes que lhe dão algum conforto no meio de todas as críticas. «É muito orgulho para mim estar nesta posição ao pensar de onde venho. Sou orgulhosamente grego, sei o que significa ser grego, trouxe-o toda a vida comigo e cresci na Austrália, de acordo com esses valores, num país onde o futebol não é um grande deporto. O meu pai trabalhou muito duro, com a minha mãe, por nós. Sinto-me muito forte. Quando me reformar provavelmente regressarei à Grécia e adorei crescer na Austrália. Estou orgulhoso das minhas raízes», concluiu.