
A seleção portuguesa que vai participar a partir de sábado no Mundial de singulares de ténis de mesa, em Doha, tem como objetivo integrar os 64 melhores do mundo.
"Olhando para o sorteio, parece-nos que vamos claramente disputar a passagem da primeira eliminatória, (para) entrar nas 64 primeiras do mundo, mas o sorteio foi madrasto", admite o treinador da equipa feminina, Mário Pedro Couto, em declarações à Lusa.
As olímpicas Jieni Shao, no 59.º posto do ranking mundial feminino, e Fu Yu, no 74.º, representam Portugal neste torneio, enfrentando adversárias teoricamente ao seu alcance na primeira ronda.
Depois disso, nota o técnico, a missão complica-se.
"Na segunda ronda (se a alcançarem), encontrarão duas top 8. Aí, será, de forma realista, muito difícil avançar de novo", comenta.
Mário Pedro Couto não quer "desvalorizar as difíceis adversárias da primeira ronda" mas, admite, a segunda ronda será muito difícil, tal é a valia das jogadoras que apontou -- Satsuki Odo, sétima cabeça de série, pode encontrar-se com Jieni Shao, e Miwa Harimoto, sexta jogadora do mundo aos 16 anos, com Fu Yu.
"Na primeira ronda será difícil, mas estamos na nossa guerra. Na segunda... vamos ter dificuldades grandes se lá chegarmos. (...) Temos os pés assentes no chão", analisa.
Ainda assim, ir o mais longe possível "é importante em todos os sentidos", desde logo pela possibilidade de subir posições no ranking mundial, missão válida também entre o quarteto do torneio masculino, mas também "para a própria carreira das atletas", ambas consagradas e com presenças em Jogos Olímpicos e medalhas em torneios internacionais no palmarés.
No setor masculino de um torneio em que Portugal não competirá em pares, Tiago Apolónia alinha pelo mesmo objetivo, pelo menos numa primeira fase: "conseguir chegar à ronda de 64".
O 92.º posicionado do ranking mundial é o mais bem posicionado entre o setor masculino, em que também jogarão Marcos Freitas (98.º), antigo número sete mundial, João Geraldo (125.º) e João Monteiro (159.º).
Em declarações reproduzidas pelo Comité Olímpico de Portugal (COP), Apolónia notou o sorteio diferente do habitual, que o coloca frente a frente com o indiano Manush Shah, 72.º, chegando ao embate em boa forma e com uma final, do WTT Feeder da Capadócia, como motivação extra.
"Os últimos meses têm sido bastante positivos para mim. Consegui bons resultados com o clube na Liga alemã e, a nível internacional, consegui o meu melhor resultado em provas WTT", comentou.
De resto, o Mundial na capital do Qatar surge já no contexto do novo ciclo olímpico, para Los Angeles2028, que já não terá os torneios por equipas mas, antes, dois de pares (masculinos e femininos) e outro de equipas mistas, aumentando de cinco para seis os eventos de medalha.
"É um bom reconhecimento da modalidade. Cabe-nos adaptar-nos da melhor maneira às mudanças e continuar a trabalhar para que o ténis de mesa português esteja presente em Los Angeles'2028", referiu.
O primeiro luso em prova, João Monteiro, estreia Portugal logo com missão complicada, frente ao sul-coreano An Jaehyun, 18.º jogador do mundo, no sábado.
João Geraldo defrontará o esloveno Deni Kozul, 99.º, e Tiago Apolónia bate-se com o indiano Manush Shah (75.º), enquanto Marcos Freitas é o único a jogar com um adversário pior posicionado no ranking, caso de Pang Koen (113.º), de Singapura.
No setor feminino, Jieni Shao defronta uma adversária mais de 150 lugares abaixo, a malaia Chang Sian (213.ª), e Fu Yu mede forças, já no domingo, com a alemã Yuan Wan (59.ª).
Em termos históricos, Portugal soma uma medalha na competição, o bronze de João Monteiro e Tiago Apolónia em Budapeste'2019, em pares masculinos.