
A sala de conferências de imprensa do Estádio Nacional registou, na tarde desta sexta-feira, um momento invulgar e também uma oportunidade para escutar, na primeira pessoa, o juiz que arbitrará o clássico deste domingo pela final da Taça de Portugal, que encerrará a terminada 24/25 nas competições nacionais.
Luís Godinho surgiu tranquilo e otimista em relação ao teatro de operações que irá encontrar, assumindo contar com a «experiência brutal» de Nico Otamendi e Morten Hjulmand, capitães de Benfica e Sporting, para o ajudar a gerir a partida. «Espero que, com dois capitães com uma experiência brutal no futebol e no jogo em si, sejamos uma boa equipa naquilo que nos for possível fazer em campo», desejou.
O árbitro de 39 anos não mostrou receio da pressão da crítica, negativa ou com eventuais contactos de adeptos a procurar condicioná-lo. «Devo dizer-lhe que tenho recebido muitas mensagens e, curiosamente, muitas delas de apoio e eu acho que, sendo eu um frequentador assíduo das redes sociais, sou teimoso por natureza e continuo lá a estar, continuarei a estar até ao final da minha carreira. E, se algo me tem dado as redes sociais é conhecer as pessoas e aquelas que tentam conhecer-me a mim», conta, sorridente.
«Não deixo ninguém sem resposta, aqueles que, respeitosamente, me interpelam», revelou Luís Godinho, da AF Évora, que se mostrou confortável com a interação com o público e indica que o balanço é francamente positivo. «O que eu tenho tido inúmeras mensagens de apoio, incentivo e realização, porque as pessoas percebem que também para nós, é um jogo especial», identifica, agradado com o feedback que tem recebido e prometendo que, este domingo, a equipa de arbitragem terá prestação de alto nível.
«Este é mais um jogo, como eu digo, mas é preparado ao ínfimo pormenor com esquemas táticos, bolas paradas, possíveis alterações no marcador em qualquer momento ou reajustes nas equipas, Ou seja, o que é o conhecimento de todos esses dados, comportamentos dos jogadores, transições rápidas ou não, um jogador que costume driblar dentro da área, vai requerer de mim uma localização diferente no campo e eu tenho de ter essa perceção e essa leitura de jogo», projetou o árbitro.
Luís Godinho pretende, por isso, «ser proativo» numa estratégia de antecipação que poderá minorar possíveis erros. «Às vezes corre mal porque o jogador engana-me e faz outra coisa, mas temos de estar preparados para os cenários que possam acontecer e a nossa vitória será que ninguém fale de nós no fim», resume.
Uma palavra ainda para Sandra Bastos, que desempenhará funções de quarto árbitro neste dérbi, sendo a primeira mulher a fazê-lo numa final da Taça. «Considero que é um reconhecimento de que contribuí para a arbitragem e também quero deixar uma palavra a todos os homens que estão a dar os primeiros passos na arbitragem, a abraçarem a causa com muita paixão e dedicação. Será um caminho de muitos desafios, mas também de grandes conquistas e muitas alegrias», assinalou.