Não há outra palavra aplicável ao apuramento do Benfica para a fase de liga da Champions: justíssima. Não foi inferior ao Fenerbahçe, bem longe disso, no jogo de Istambul e esta quarta-feira, na Luz, foi claramente superior à equipa turca. A exibição do Benfica não foi brilhante, igualmente bem longe disso, mas foi sólida, segura e quase sem mácula. Embora, sejamos justos, a oposição (metam aspas na palavra, sff) do Fenerbahçe não fez quase arranhão algum, a não ser o desvio de cabeça de En-Nesyri que levou a bola à barra da baliza de Trubin. Mourinho recusou, há uma semana, dizer que o Benfica era favorito. Mas agora bem o pode dizer: o Benfica era favorito e confirmou esse favoritismo, embora tenha ultrapassado os dois jogos com um magrinho 1-0…

O jogo começou com três águias de pé bem forte no acelerador. A bola, recuperada por Aursnes, cedida a Pavlidis e cruzada pelo grego para a entrada da pequena área, apanhou Leandro Barreiro na cara de Livakovic. Era picá-la por cima do guarda-redes ou desviá-la para um dos lados de croata. A terceira opção era um tiraço. Barreiro optou por esta hipótese e teve o azar da mancha do número 40 do Fenerbahçe ter sido perfeita. Este lance, aos 170 segundos de jogo, poderia bem ser um resumo dos primeiros 45 minutos.

Benfica a atacar, Benfica a criar, Benfica a finalizar. Não, claro, através de exibição memorável, mas sempre por cima do jogo e sempre muito mais perto de marcar do que a equipa turca. Pouco depois, o golo andou de novo colado a Leandro Barreiro. Desta vez, por fora de jogo, milimétrico, presume-se, na jogada que permitiu a Pavlidis fazer o que poderia ter sido o primeiro golo. Mas não foi.

O Fenerbahçe, até aí, era um corpo ausente do jogo. Algumas tentativas de explorar a velocidade de En-Nesyri ou a capacidade de remate de meia distância de Talisca. Nada funcionou. A equipa turca não parecia suficientemente bem oleada para criar perigo junto de Trubin. Eram 11 jogadores contra uma equipa. O Benfica foi dominando o jogo de ponta a ponta, enquanto o Fenerbahçe se assemelhava, em muito, a uma equipa de meio da tabela da Liga Portuguesa: nem um remate enquadrado com a baliza de Trubin. Muito pouco para quem sonhava seguir em frente.

Até que, ao minuto 35, perante uma defesa esburacada, António Silva (lá atrás), Aursnes e Pavlidis (na construção) e Barreiro (no passe final), construíram o belíssimo golo de Akturkoglu a abrir (e a fechar, ver-se-ia mais tarde) o marcador. Era o golo que dava, por fim, vantagem aos encarnados, embora a vantagem mais justa fosse ter mais um ou dois golos.

O intervalo chegou com o Benfica, muito justamente, na frente, tal a superioridade que demonstrou ao longo dos 45 minutos iniciais. Esperava-se que, no segundo tempo, o Fenerbahçe crescesse um pouco mais e que equilibrasse as operações. Mourinho trocou médio por médio: Amrabat por Yuksek. A ideia era passar de dominado a dominador.

Porém, mesmo com superior pressão sobre o portador da bola e com o Benfica a optar por bolas mais longas, o Fenerbahçe demorou um pouco a ser mais forte. E só a partir dos 70 minutos, quando José Mourinho fez dupla alteração (Muldur e Brown por Aydin e Durán), os turcos começaram verdadeiramente a ser mais incisivos.

E aos 72 minutos surgiu, por fim, o primeiro sinal de perigo turco, num desvio de cabeça de En-Nesyri à barra da baliza de Trubin. Lage percebeu e refrescou o ataque, tentativa clara de colar o Fenerbahçe bem mais perto de Livakovic: Pavlidis por Ivanovic e Akturkoglu por Schjelderup.

Logo a seguir, no espaço de três minutos (79 e 82), Talisca viu dois cartões amarelos e deixou o Benfica com as portas escancaradas para a fase de liga da Champions. Até final, bastou ao Benfica controlar, controlar, controlar. Controlou e passou. De forma justa.