Depois de uma época em que não ganhou nada - aconteceu-lhe apenas duas vezes na carreira - Pep Guardiola considerou numa entrevista à agência Reuters que a temporada de 2024/25 serviu de aprendizagem. O treinador do Manchester City descartou a ideia de fracasso, abraçando, em contrapartida, a de crescimento no seu percurso e no da equipa.

"Quero sofrer quando não ganho jogos. Quero sentir-me mal, quero dormir mal. Quero que quando a situação piore, que isso me afete. Fico zangado, a comida sabe-me mal, não preciso de comer muito porque preciso de sentir essa raiva. Porque se não fosse assim, que sentido teria? Ganhar ou perder... Estamos neste mundo para experimentar coisas diferentes", explicou Guardiola, de 54 anos, depois de terminar a Premier League na terceira posição.

O treinador reconheceu que a equipa passou por "tantas dificuldades" devido "às lesões", "à descontração" ou à "falta de acerto" da sua parte. "Mas apurámo-nos para a Liga dos Campeões quando houve a hipótese de não o conseguirmos", atirou, esperando tirar ilações do sucedido. "Talvez terminar em terceiro tenha sido melhor do que quando ganhámos a quarta Premier League seguida." 

Depois, deixou uma espécie de reflexão filosófica sobre a importância de perder. "O êxito é quantas vezes te levantas depois de uma queda. Cair, levantar, cair, levantar. Isso é o maior sucesso. Os vencedores são aborrecidos. É bonito ver os perdedores, é aí que verdadeiramente se aprende."

A realidade é que Guardiola ganhou mais vezes do que perdeu, mas garante não sentir-se especial por isso. "Acham que me sinto especial por ter ganho tantos títulos? Não! Esqueçam isso! Especial é o médico que salva vidas ou quem inventou a penicilina. Isso é que é de génio! Eu? Vá lá...", reconheceu, acrescentando. "Não quero fingir humildade, claro que sou bom! Demonstrei isso ao longo dos anos. Mas foi o êxito que tive que me escolheu em certos momentos, liderando Messi e os restantes, tive equipas incríveis. Outros treinadores naquela posição e naquele momento talvez tivessem feito o mesmo." 

E o stress? "Está sempre lá porque o julgamento é diário. Ninguém me pôs uma pistola na cabeça para me obrigar a escolher este trabalho, fui eu que o escolhi. Não há nenhum profissional de futebol que ganhe sempre porque isso é impossível. Foi isso que aconteceu na época passada. Aceitas, melhoras e tiras ensinamentos para o futuro."