Caiu que nem uma bomba a decisão da Federação Internacional (IJF) de suspender a Federação portuguesa de toda a atividade internacional, colocando em causa a participação dos judocas lusos no Mundial de 2025, que se realizará na Hungria entre 13 e 19 de junho. O castigo pode ter a duração de um ano se a situação não for resolvida.

Em causa estão dividas da entidade portuguesa acumuladas, cerca de 800 mil euros, sobretudo, desde 2022, altura em que se realizou o Grand Prix de Portugal. A este valor vai ainda somar-se a multa de cerca de 250 mil euros por ter desistido de organizar o Grand Prix de 2025.

Patrícia Sampaio, medalha de bronze nos Jogos Olímpicos de Paris 2024 e que, em abril, se sagrou campeã europeia de -78 kg, é uma das judocas que fazem parte da Seleção para o Mundial de Budapeste, juntamente com Catarina Costa (-48 kg), Taís Pina (-70 kg), Miguel Gago (-66 kg), Otari Kvantidze (-73 kg) e o duas vezes campeão do mundo e bonze olímpico Jorge Fonseca (-100 kg).

Leia aqui o comunicado da FPJ

Estes são dias negros para o Judo em Portugal

E é importante que todos conheçam a verdade dos factos, com total transparência.

Apesar de todos os esforços envidados, o facto de a FPJ não ter conseguido liquidar, até ao momento, a dívida existente para com a FIJ referente aos eventos IJF contratualizados em 2021, teve ontem como consequência a suspensão temporária da Federação Portuguesa de Judo.
Esta decisão é suscetível de recurso e, como tal, estranhamos que tenha sido aplicada de imediato, enquanto ainda decorre o prazo para a sua interposição.
Não obstante, os esforços envidados pela Equipa Diretiva da FPJ não se esgotaram e, mesmo com esta decisão de suspensão, mantemos esse esforço no sentido de conseguir reverter esta situação.

Apenas dizer que, das obrigações assumidas em 2021 pelo então Presidente da FPJ de realização de vários eventos IJF, onde se incluía a realização do Campeonato do Mundo de Juniores 2023, e de quatro edições do Grand Prix – 2022, 2023, 2024, e 2025 – conseguiu o atual elenco federativo que a edição de 2025 deixasse de ser de obrigatória realização, ao contrário do que aconteceu com a edição de 2024.

O ano de 2024 foi um ano de tremenda exigência para a FPJ, sendo um ano de Olimpíada e, como tal, um ano de superlativa exigência financeira, com gastos além do inicialmente expectável, dada a tentativa de qualificação, até ao último momento, do maior número de atletas possível para os Jogos Olímpicos e Paralímpicos.

Ainda assim, e retirando o valor do “fee” devido à IJF pela realização do Grand Prix 2024 (250.000 euros), o ano de 2024 foi aquele onde a FPJ conseguiu abater à dívida global um valor superior a 100.000 euros, e sem deixar de realizar as suas normais atividades, nem de dar todas as condições aos seus atletas para se qualificarem para os Jogos Olímpicos e Jogos Paralímpicos Paris 2024.
Tivemos a grande felicidade de poder festejar a medalha de bronze da Patrícia Sampaio nos Jogos Olímpicos 2024, e também a medalha de bronze de Djibrilo Iafa nos Jogos Paralímpicos 2024.

Tivemos já este ano de 2025 várias medalhas no circuito mundial e duas medalhas – ouro e prata – no campeonato da Europa de seniores.

Este elenco federativo tem feito um esforço hercúleo para conseguir manter e inclusivamente melhorar os resultados desportivos que vinham sendo obtidos nos últimos anos, tendo em conta a situação herdada, nomeadamente ao nível financeiro.

Temos trabalhado diariamente com rigor, compromisso e diálogo com todas as partes envolvidas, para tentar resolver esta dívida, assim como já resolvemos outras herdadas. Sabemos o quanto estas notícias podem gerar ansiedade, sobretudo entre os nossos atletas e treinadores, mas queremos que saibam que tudo está a ser feito para evitar consequências mais gravosas.

Está garantida a participação dos atletas portugueses nas maiores e mais importantes competições internacionais, incluindo Campeonatos do Mundo e Campeonatos da Europa, ainda que tal possa acontecer sob bandeira neutra, caso não se consiga reverter a situação em tempo útil.

Continuamos a trabalhar junto das instâncias internacionais, bem como das instâncias nacionais públicas e governamentais, no sentido de resolver esta difícil situação, não por nós criada, mas que por nós tem que ser resolvida.

Pedimos a vossa confiança, união e apoio neste momento exigente. Estamos convictos de que juntos conseguiremos ultrapassar esta fase difícil.