Bernal, de 'apenas' 24 anos, cumpriu os 158 quilómetros entre Castel di Sangro e Campo Felice em 4:08.23 horas, à frente do italiano Giulio Ciccone (Trek-Segafredo), segundo, e do russo Aleksandr Vlasov (Astana), terceiro, ambos a sete segundos. João Almeida (Deceuninck-QuickStep) foi 10.º, a 12 segundos.

Na geral, o húngaro Attila Valter (Groupama-FDJ) caiu de líder para quinto, agora com Bernal no primeiro lugar, à frente do belga Remco Evenepoel (Deceuninck-QuickStep), segundo a 15 segundos, e Vlasov, terceiro a 21.

O colombiano desfez quaisquer dúvidas sobre a condição física em que se apresenta no Giro e 'honrou' o dorsal um que ostenta, no lugar do ausente campeão em título, o britânico Tao Geoghegan Hart.

Um ataque nos quilómetros finais, já por cima da terra batida, deixou não só os outros favoritos à vitória final por terra como também 'eclipsou' os resistentes da fuga, que acabaram por perder a possibilidade de discutir a vitória em etapa nas últimas centenas de metros.

Assim, 'e tudo Bernal levou', uma vez que o colombiano arrebatou também a geral, aproveitando a fraqueza, pouco depois corrigida, de Evenepoel, que conseguiu reduzir as perdas após quebrar nos últimos quilómetros, mesmo com a ajuda de João Almeida, convertido em 'general' para o prodígio belga.

Antes, Ruben Guerreiro (Education First-Nippo) pôde finalmente integrar uma fuga, ao lado do britânico Simon Carr, num grupo que teve no francês Geoffrey Bouchard (AG2R Citroën) o mais duradouro dos fugitivos.

O francês pode ter perdido a possibilidade de ganhar a etapa no fim, após uma primeira semana de muito trabalho na frente para a AG2R, mas ganhou a liderança da classificação da montanha, tornando-se no primeiro francês a liderar esta tabela na 'corsa rosa' desde Sandy Casar em 2006.

Ainda assim, foi o trabalho do grupo dos favoritos que levou a melhor, com o colombiano, que apesar de ter vencido o Tour em 2019 nunca tinha vencido uma etapa em grandes Voltas, a fazer a diferença por cima da terra batida.

"Nem eu consigo acreditar no que está a acontecer. [...] Fiz muitos sacrifícios para estar nesta posição depois da última Volta a França [2020], por isso estou muito feliz. Estava a pensar que ia correr bem hoje, mas não em vencer a etapa. Os meus colegas de equipa confiaram muito em mim, disseram-me que eu podia conseguir, que se responsabilizavam, e esta vitória é para eles", declarou o atleta da INEOS, um dos blocos mais fortes, após a vitória.

O jovem trepador emocionou-se com a chegada à 'maglia rosa', sendo o quinto colombiano da história a ocupar o posto, e foi entre lágrimas que explicou que passou por "tanta coisa" para chegar ao topo, sacrifícios que, tendo rendido a vitória e a liderança da geral, já "valeram a pena".

Bernal, o primeiro vencedor sul-americano do Tour, referia-se à vida até aqui, mas sobretudo ao último Tour, no qual teve de desistir, quando defendia a vitória, e a uma lesão nas costas que, até à partida, colocava em dúvida as suas reais capacidades de discutir o triunfo final.

O 10.º lugar na tirada rendeu uma subida de dois postos na geral a João Almeida, que é agora 23.º, a 4.55 do novo camisola rosa, enquanto Ruben Guerreiro também subiu, para o 25.º posto, ao ser 32.º, após ver gorada a tentativa de levar a fuga até à meta. Está a 7.18 de Bernal.

Em sentido inverso esteve Nelson Oliveira (Movistar), hoje 77.º classificado na etapa, perdendo quatro postos, seguindo agora em 37.º na geral.

Na segunda-feira, a 10.ª etapa, última antes do primeiro dia de descanso, liga L'Aquila a Foligno em 139 quilómetros, com uma chegada plana após um percurso acidentado nos primeiros dois terços da tirada.

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