
Portugal disse adeus, no passado domingo, no Jamor, a um dos mais fantásticos futebolistas que por cá jogaram: Ángel Di María. Pelo Benfica passaram, ao longo da história, Valdo, Preud’homme, Cardozo, Ricardo Gomes, Aimar ou Jonas; pelo Sporting, Schmeichel, Balakov, Yazalde, Luisinho, Jardel ou Gyokeres; pelo FC Porto, Cubillas, Madjer, Jardel, Lucho Gonzalez, James ou Casillas.
Nenhum tinha o currículo de Di María: campeão do Mundo, campeão olímpico, vencedor da Liga dos Campeões e da prova continental do seu país. Schmeichel foi campeão da Europa por clube e Seleção, mas não foi do Mundo. Casillas foi campeão do Mundo e da Europa por clube e seleção, mas nunca andou perto do ouro olímpico.
Aliás, muito por o primeiro Campeonato da Europa se ter realizado apenas em 1960, enquanto a Copa América se realiza desde 1916, nenhum europeu tem um currículo tão diversificado quanto Di María. E só 13 sul-americanos se podem gabar de ter vencido Mundial, Jogos Olímpicos e Copa América. Nove uruguaios (Jose Andrade, Pedro Cea, José Nasazzi, Pedro Petrone, Héctor Scarone, Santos Urdinarán, Héctor Castro, Lorenzo Fernández, Peregrino Anselmo) e dois argentinos (Messi e Di María).
É disto que falamos quando falamos de Di María. É de uma figura desta dimensão que Portugal se despediu no domingo e de um jogador desta classe que o Benfica se despedirá durante o primeiro Mundial de Clubes da história.
Recuemos 18 anos. Simão saiu do Benfica para o Atlético Madrid, por 20 milhões de euros, a 25 de julho de 2007 e no dia seguinte a primeira página de A BOLA anunciava a contratação do então campeão do Mundo de sub-20: Di María no Benfica. Era apresentado como «atacante versátil, que joga preferencialmente como interior esquerdo» e assinava por cinco épocas, vindo do Rosario Central. Tinha 19 anos.
No dia seguinte, A BOLA, com assinatura de António Barroso, trazia as primeiras palavras de Di María, ainda em Rosário: «Escolhi o Benfica porque é um grande clube, conhecido no Mundo inteiro, que foi muito direto e muito concreto no seu interesse por mim. Além disso, queria jogar na Europa. Parece-me o clube certo para me afirmar. A proposta que fizeram foi boa para o Rosário Central e para mim. Tudo isto ainda me parece um sonho transformado em realidade, ir jogar para a Europa.»
Três anos depois, a 28 de junho de 2010, com duas Taças da Liga e uma Liga no bolso, Di María saiu para o Real Madrid, por 36 (25+11) milhões de euros. Esteve em Madrid de 2010 a 2014, saltaria depois por Manchester United (2024/2015), PSG (2015 a 2022) e Juventus (2022/2023).
Entre 2010 e 2023, até regressar ao Benfica, o argentino tornou-se um dos jogadores mais titulados do Mundo, acrescentando mais 24 troféus de clube ao currículo: um campeonato de Espanha, cinco campeonatos de França, uma Supertaça Europeia, duas Taças de Espanha, quatro Taças de França, quatro Taças da Liga de França, cinco Supertaças de França, uma Supertaça de Espanha e uma Liga dos Campeões.
O feito maior, porém, aconteceu a 18 de dezembro de 2022, quando ajudou a Argentina a sagrar-se campeã do Mundo pela terceira vez, após os êxitos de 1978 e 1986. Di María tornou-se, nesse dia, num dos tais raros jogadores que ganhou tudo pela seleção do seu país.
Regressou ao Benfica para fazer o que fizera em 2009/2010: ser campeão nacional. Não conseguiu repetir o feito, ficando-se por dois segundos lugares, ambos atrás do Sporting. Somou ao currículo uma Supertaça Cândido de Oliveira e uma Taça da Liga, passando a exibir 36 troféus, entre clubes e seleção. Craque!