O Farense volta a sonhar. Numa tarde de emoções fortes no São Luís, os algarvios venceram o Famalicão por 2-1, num jogo em que o golo da esperança apareceu já nos descontos, pelas botas de Darío Poveda. Foi um triunfo sofrido, mas justo, que permite continuar a respirar na luta pela manutenção, sabendo que uma derrota poderia ditar descida já nesta jornada. Com esta vitória, os leões de Faro podem ver no sofá a partida entre o Boavista e o AFS.

Entrar bem, sofrer e reagir

@Kapta+
Sabendo da importância dos três pontos, o Farense entrou com tudo. Empurrados pelos adeptos e pela necessidade, os homens de Tozé Marreco começaram melhor e logo nos primeiros dez minutos estiveram muito perto do golo, em duas ocasiões idênticas: dois cabeceamentos perigosos de Cláudio Falcão, ambos a rasar o golo. A equipa da casa dominava em toda a linha e só a inspiração de Lazar Carevic, guarda-redes do Famalicão, impediu o golo em duas intervenções decisivas frente a Marco Moreno e Rony Lopes.

Mas, como tantas vezes acontece no futebol, quem não marca... sofre. À passagem da meia hora, Gustavo Sá — o talento em ascensão — rasgou a defesa algarvia com um passe primoroso que isolou Simo Elisor. O francês não perdoou e, com frieza, fez o 0-1 na primeira chegada perigosa dos visitantes. Foi a sétima assistência da época para Gustavo Sá, que continua a brilhar e na montra do futebol português.

O golo caiu como um balde de água fria em Faro. O Farense tremeu, perdeu discernimento, e até ao intervalo parecia perdido. Mas, no último lance do primeiro tempo, numa jogada confusa após um lançamento lateral, Cláudio Falcão acreditou e ofereceu o empate a Felipe Soares, um golo que repunha justiça no marcador e devolvia esperança à equipa da casa.

Esperança veio do meio da rua

@Kapta+
A segunda parte foi mais tensa e menos bem jogada. O desgaste emocional começou a notar-se nos homens do Farense, e o Famalicão passou a ter mais bola e mais espaço. Os algarvios passaram por momentos difíceis, especialmente na reta final e foi Kaique segurou o empate com uma defesa monumental a um remate fortíssimo de Tom van de Looi, de fora da área. O jogo estava partido e parecia que, a haver um vencedor, seria o Famalicão.

E foi então que, já nos descontos, quando o empate parecia sentenciado, chegou o momento que pode mudar uma época. Darío Poveda, acabado de entrar, recebeu à entrada da área, ajeitou... e disparou uma bomba indefensável para o fundo das redes. Um golo de levantar o estádio. Um golo que vale três pontos de ouro. Um golo que devolve a esperança.

Com os três pontos conquistados, o Farense chega aos 24 e encosta-se ao AFS no lugar de playoff. Na segunda-feira, há confronto direto entre ambos (AFS e Boavista), e os algarvios sabem que alguém vai perder pontos. No momento certo, o Farense mostrou que ainda está vivo. E, mais do que isso, voltou a sonhar com a permanência. Nota para o Famalicão que, com este resultado e com a vitória do VSC na Madeira, diz oficialmente adeus ao complicado sonho de ainda chegar a um lugar europeu, podendo mesmo perder o 7º lugar.