Arrigo Sacchi analisou a temporada do AC Milan. Histórico treinador defendeu Sérgio Conceição, que vai deixar clube em breve.

Arrigo Sacchi prestou declarações à Gazetta dello Sport. O histórico treinador italiano deixou várias criticas ao momento do AC Milan, tendo começado por abordar a final da Taça de Itália perdida para o Bolonha.

«Ver o Milan tão maltratado deixa-me muito triste, porque estou ligado àquele ambiente, aos adeptos, àquelas cores. Ao ver a final da Taça de Itália, merecidamente perdida para o Bolonha, tive a confirmação do que tenho vindo a pensar desde o início desta época: o Milan não é uma equipa, e não é uma equipa por algumas razões específicas. Enumero quatro, por ordem de importância».

«O clube está em primeiro lugar, mesmo antes do treinador e dos jogadores. Porque, com a sua história, a sua visão e o seu estilo, tem de mostrar o caminho a seguir. Parece-lhe que o Milan de hoje, enquanto clube, tem uma visão? Parece-me que não. Fazemo-lo por tentativa e erro e, ao fazê-lo, acabamos por bater na parede», destacou a falta de visão do AC Milan.

Arrigo Sacchi falou sobre as escolhas do AC Milan para o cargo de treinador, desde Paulo Fonseca a Sérgio Conceição:

«A escolha do treinador, no início da época, é fundamental, porque o treinador deve estar em sintonia com os programas do clube. O AC Milan, por seu lado, começou por pensar em contratar um, o espanhol Lopetegui, no verão passado, e depois, dado que os adeptos estavam zangados por não ser um nome à altura do clube, recorreu ao português Paulo Fonseca».

«Os dirigentes que fizeram esta escolha cometeram um grande erro e depois, a meio da época, acharam melhor voltar atrás na decisão e entregar o banco a Sérgio Conceição, que, na minha opinião, é o menos culpado de todos, porque se viu a trabalhar no caos geral. E, no final, veremos que será ele a pagar, porque esta é uma velha (e absurda) lei do futebol: tira-se o treinador, para se resolverem as coisas. Mas como é que se resolve as coisas, se no topo estão sempre as mesmas pessoas que cometeram erros no início da época?», completou.

Arrigo Sacchi apontou depois a terceira razão para explicar o momento do AC Milan:

«O Milan é um conjunto de jogadores escolhidos ao acaso. Não discuto as suas qualidades técnicas individuais, embora o pudesse fazer: o problema é que não são elementos capazes de formar uma equipa. Vai-se comprar ao estrangeiro e, francamente, não percebo a razão, os jogadores vêm de experiências e culturas diferentes, há que tentar amalgamá-los, mas como é possível dar um estilo desta forma?».

«Quando se vai comprar jogadores é preciso ter muito cuidado, senão corre-se o risco de gastar muito dinheiro e ter elementos que não contribuem positivamente para a causa. Antes de comprar o Rijkaard, mandei um homem da minha confiança segui-lo durante os treinos e no relatório que recebi também estava escrito o que ele comia, a que horas se levantava e quem eram os seus amigos. Será que estas coisas estão a ser feitas agora? Parece que não, a julgar pelo que se vê no terreno. Depois, cometem-se erros e há que corrigi-los. Porque ver o Milan ainda em tão mau estado, para um amante como eu, é realmente insuportável», concluiu, pedindo mais critério na hora de contratar jogadores.