"Para nós, não é razoável que investimentos de grande envergadura não tenham de ter o aval da Câmara Municipal porque têm impacto na cidade", afirmou Vladimiro Feliz, à margem de uma visita à Associação Porto Solidário, em Aldoar.

Questionado pelos jornalistas sobre o impacto das empreitadas da Metro do Porto na cidade, Vladimiro Feliz revelou que o partido vai levar a reunião do executivo, na segunda-feira, uma proposta para que seja criada uma "unidade de missão para a mobilidade, liderada pela Câmara do Porto".

"Sentimos que hoje há uma grande dificuldade em articular obras, mais uma vez um problema de articulação e planeamento na cidade. Na última reunião, presidente da Câmara do Porto partilhou connosco aquela que era a sua dificuldade de influenciar muitas obras do estado central, da Metro do Porto e do debate recente que houve em torno da ponte também sentimos essa dificuldade", observou.

Em 08 de novembro, o presidente da Câmara do Porto, o independente Rui Moreira, admitiu, durante a reunião do executivo, estar preocupado com o impacto das obras de expansão do metro, nomeadamente com as soluções defendidas para a estação da Praça da Liberdade e para a nova ponte sobre o Douro.

"Infelizmente, esses projetos são projetos da Metro [do Porto] e não é muito fácil da nossa parte agir", afirmou Rui Moreira, quando confrontado pelo vereador social-democrata Vladimiro Feliz sobre o envolvimento do município nas obras de expansão da rede de metro.

Considerando que a baixa da cidade está "cercada de obras" e que as empreitadas da Metro do Porto deveriam ter tido "mais debate", o PSD vai também propor que a "unidade de missão" crie um plano a médio prazo para a próxima década da mobilidade que "integre todas as partes interessadas".

Essa unidade permitirá estabelecer "projetos e prioridades em função dos recursos disponíveis", esclareceu o vereador, defendendo assim não será necessário correr "à pressa atrás de projetos porque surgiu o PRR [Plano de Recuperação e Resiliência] ou o Portugal 2030".

Vladimiro Feliz disse também que a proposta do partido visa a articulação dessa unidade de missão com as associações comerciais, empresariais e setoriais por forma a "minimizar os impactos destas obras na cidade".

"Vem aí o Natal, o comércio tradicional, turismo, hotelaria e restauração enfrentaram dificuldades enormes com a pandemia, tinham agora o momento para retomar destes dois anos de grande pressão económica e ter agora a baixa cercada com obras e a cidade limitada na circulação, que afasta turistas e portuenses, vai prejudicar os negócios", referiu.

As obras de expansão da rede de Metro do Porto vão condicionar, pelo menos, durante um ano e meio, a mobilidade nas cidades do Porto e Gaia, com alguns dos principais acessos interditos à circulação automóvel.

No Porto, a empreitada de construção da Linha Rosa, que vai ligar S. Bento/Praça da Liberdade à Casa da Música, servindo o Hospital de Santo António, o Pavilhão Rosa Mota, o Centro Materno-Infantil, a Praça de Galiza e as faculdades do polo do Campo Alegre, arrancou no final de março, tendo pelo menos desde maio causado condicionamentos de trânsito, nomeadamente na Praça da Liberdade, onde a circulação automóvel no primeiro troço da via poente está interrompida desde 12 de outubro.

A Linha Rosa terá quatro estações e cerca de três quilómetros de via, ligando São Bento/Praça da Liberdade à Casa da Música, sendo que as obras deverão prolongar-se até ao final de 2023.

Em simultâneo, está também em desenvolvimento a empreitada de extensão da Linha Amarela, que atualmente cruza o rio Douro através da ponte Luís I, partindo do Hospital de São João, no Porto, até Santo Ovídeo, em Vila Nova de Gaia, que está também a impor condicionamento de trânsitos.

 

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