A posição foi expressa num comunicado, alusivo à "dramática situação sanitária em Angola", que nas últimas semanas, em diversas províncias do país, sobretudo em Luanda e em Benguela, é caracterizada pelo aumento exponencial do número de pacientes afetados principalmente pela malária, a principal causa de morte de angolanos.

O documento caracteriza ainda o estado da saúde em Angola como de enorme afluência de doentes, ultrapassando a capacidade instalada nas unidades sanitárias, com longos tempos de espera para o atendimento dos pacientes e uma exiguidade de camas, levando a que sejam acomodados dois ou mais doentes na mesma cama, com doentes no chão, sendo preocupante também o caso dos pacientes pediátricos.

A insuficiência de medicamentos essenciais e de material descartável nas diversas unidades sanitárias, particularmente nos hospitais municipais, sendo os pacientes obrigados a comprar medicamentos nas farmácias localizadas ao redor dos hospitais é igualmente descrita pelos deputados.

A sobrecarga de trabalho dos médicos, enfermeiros e outro pessoal de saúde são igualmente consequências do elevado índice de doenças que afetam a população, o que tem levado a uma "elevada mortalidade em diversos hospitais, atingindo sobretudo crianças, geralmente afetados por grave incidência de malnutrição", referem.

"Toda esta situação advém de fatores sobejamente conhecidos por todos nós angolanos, nomeadamente: o deficiente saneamento do meio que levou ao acumular do lixo em Luanda e noutras localidades, a persistência de charcos que permite o desenvolvimento das larvas do mosquito", lê-se na nota.

Outro fator apontado reside no "deficiente abastecimento de medicamentos e de material gastável nas unidades sanitárias, particularmente nos centros de saúde e nos hospitais municipais, motivando o elevado afluxo de doentes aos hospitais secundários e terciários, por impossibilidade de resposta dos hospitais de primeira linha".

Perante a "grave situação sanitária em que o país se encontra", acrescenta o comunicado, a União Nacional para a Independência Total de Angola (UNITA) reconhece o enorme esforço que está a ser desenvolvido pelos médicos, enfermeiros e outro pessoal da saúde, tendendo a reduzir os efeitos nefastos provocados por esta situação.

Por outro lado, recomenda às autoridades sanitárias a ouvirem os conselhos dos profissionais de saúde, representados em organizações, nomeadamente o Sindicato dos Médicos e a Ordem dos Enfermeiros, que preocupados com a situação vigente, há muito tornaram pública a sua preocupação, mostrando os principais estrangulamentos do sistema e propondo vias de solução aos problemas existentes.

Ao Presidente da República exigem também o reforço de verbas aos serviços de saúde de modo a permitir que possam enfrentar com mais eficácia a situação "que está a pôr em risco a vida de demasiados cidadãos".

"Face ao evidente colapso de todo o sistema de saúde do nosso país, apela ao esforço conjugado de todos no sentido de urgentemente exigir-se ao executivo a convocação de uma conferência nacional para a reforma profunda de todo o sistema de saúde do nosso país", frisa o grupo parlamentar da UNITA.

Segundo as autoridades sanitárias angolanas, nos últimos dias milhares de pessoas têm acorrido aos hospitais devido a síndromes febris associados à malária, dengue e chikungunya, sem que médicos e enfermeiros tenham capacidade para atender a média diária de 2.000 casos.

A malária é uma doença endémica em Angola e a principal causa de morte, internamentos e abstenção laboral e escolar.

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