"O uso das redes sociais por atores hostis e a propagação de notícias falsas, têm tido um enorme impacto na democracia e na forma como é percebida pelos cidadãos. Apoiar o trabalho dos jornalistas e assegurar que têm condições cada vez melhores para fazer o seu trabalho é, também, proteger o sistema democrático", afirmou Aniceto Guterres Lopes.

"A democracia vive tempos difíceis. Os populistas e demagogos têm visto o seu caminho simplificado através das redes sociais que facilitam o seu trabalho. É fácil usar meias-verdades e uma simplificação excessiva online, reduzindo o pensamento político a 'tweets' e 'soundbytes'", considerou.

Por isso, enfatizou, travar essas tentativas de manipulação "só se consegue assegurando que a comunicação social faça um trabalho sério e honesto, contribuindo para que os cidadãos tenham acesso a informação credível e assim tomem as suas opções políticas em livre e informada consciência".

"Por este motivo, o Parlamento Nacional pretende reforçar o seu papel junto dos cidadãos, abrir portas e manter todos os canais abertos de diálogo com os cidadãos", disse.

Aniceto Guterres falava, perante representantes da UE e do PNUD, na cerimónia de lançamento da primeira 'pedra' da nova 'Casa da Comunicação', novo espaço para os jornalistas acompanharem os trabalhos parlamentares.

Durante a cerimónia, Aniceto Lopes, o embaixador da UE em Díli, Andrew Jacobs e a responsável do PNUD no país, Munkhtuya Altangerel, assinaram um compromisso que, simbolicamente, foi enterrado numa cápsula de vidro, marcando o início das obras.

Intervindo na ocasião, Andrew Jacobs disse que o novo espaço de trabalho "irá melhorar a informação legislativa, aproximar o Parlamento do povo e fortalecer uma relação eficaz entre o Parlamento e a imprensa".

"O novo centro de imprensa facilitará a investigação e análise por parte dos jornalistas para que possam informar melhor o povo de Timor-Leste sobre a tomada de decisões democráticas por parte dos deputados que os representam", disse.

"Os jornalistas têm um papel crucial a desempenhar, informando os cidadãos sobre o que se passa no Parlamento. No entanto, em Timor-Leste, até agora, a sua tarefa tem sido dificultada pela falta de um local de trabalho e de onde reportar", explicou.

Munkhtuya Altangerel, por seu lado, recordou a importância do contrato social entre parlamento e cidadania, assente na abertura e transparência, e para o qual o papel dos média é essencial, contribuindo para uma sociedade mais democrática.

Motivo pelo qual, disse, o PNUD cofinancia este projeto e tem vindo a apoiar a formação abrangente de dezenas de jornalistas timorenses, incluindo 'briefings' e sessões informativas com profissionais da comunicação social relacionadas com a covid-19.

"Congratulo-me com o facto de o Parlamento Nacional estar a permitir uma nova cultura de abertura parlamentar e está constantemente a aprovar medidas para garantir a participação inclusiva dos cidadãos", disse.

A 'Uma Komunikasaun' (Casa da Comunicação, em tétum) nasceu de um compromisso do parlamento para "proporcionar condições de trabalho decentes aos jornalistas que cobrem as sessões parlamentares", segundo Aniceto Guterres Lopes.

A construção do novo centro de imprensa, que deverá estar finalizado dentro de três meses, insere-se num programa da União Europeia (UE) de apoio à descentralização em Timor-Leste no valor de quatro milhões de dólares, implementado e cofinanciado pelo Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD).

Até aqui os jornalistas que acompanham os trabalhos parlamentares não tinham um espaço próprio de trabalho, tendo de se acumular numa zona pequena reservada para operadores de imagem ou então, com os computadores no colo, nas cadeiras do público.

Em alguns eventos chegavam mesmo a ter de se sentar no chão para acompanhar debates ou outros acontecimentos na sala do plenário.

A par do novo centro de imprensa, o parlamento iniciou já o seu caminho para a transformação digital através do fornecimento de equipamento tecnológico e licenças de software para reuniões à distância, a produção de 20 vídeos de educação cívica em coordenação com o pessoal do Parlamento; e o desenvolvimento de uma aplicação móvel para o envolvimento interativo com os cidadãos.

 

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