
"O presidente [da UA] insta as partes a renovarem o seu compromisso com o diálogo, em conformidade com o acordo firmado, para que as conversações diretas sejam convocadas na África do Sul por uma equipa de alto nível liderada pelo Alto Representante da UA para o Corno de África e apoiada pela comunidade internacional", acrescentou a UA num comunicado divulgado hoje, mas datado de sábado.
O presidente da Comissão da UA, Moussa Faki Mahamat, disse, citado na nota, que a escalada da violência é "uma grande preocupação".
A cidade de Shire, no noroeste de Tigray, foi bombardeada por vários dias durante uma ofensiva conjunta de tropas etíopes e eritreias, causando baixas civis na investida contra os rebeldes nesta região devastada pela guerra.
O Comité Internacional de Resgate, uma organização humanitária que presta socorro em Tigray, disse no sábado que um dos seus funcionários estava entre os três civis mortos num ataque a Shire.
O secretário-geral da ONU, António Guterres, juntou-se aos Estados Unidos e outras potências ocidentais para expressar a sua grande preocupação com o agravamento da violência e o seu impacto sobre os civis.
Guterres pediu que as partes envolvidas no conflito negoceiem a paz.
O Governo do primeiro-ministro etíope, Abiy Ahmed, e as autoridades de Tigray aceitaram um convite da UA para conversações, mas as negociações que deveriam começar no fim de semana passado na África do Sul não ocorreram.
As negociações seriam intermediadas pelo enviado do bloco do Chifre da África, o ex-presidente da Nigéria Olusegun Obasanjo, pelo ex-vice-presidente sul-africano Phumzile Mlambo-Ngcuka e pelo ex-presidente queniano Uhuru Kenyatta.
Diplomatas sugeriram que problemas logísticos foram parcialmente responsáveis pela não realização da tão esperada reunião.
O último combate ocorreu quando o enviado especial dos EUA, Mike Hammer, chegou a Adis Abeba para pressionar pelo fim de quase dois anos de guerra entre a Etiópia e os seus aliados contra os rebeldes liderados pela Frente de Libertação do Povo de Tigray (TPLF).
Os combates foram retomados em agosto, após uma pausa de cinco meses, destruindo as esperanças de resolver um conflito que matou inúmeros civis e foi marcado por atrocidades de todos os lados.
O retorno à guerra também interrompeu a ajuda necessária em Tigray, onde a ONU diz que milhões foram forçados a deixar as suas casas e centenas de milhares estão à beira da fome.
O conflito eclodiu em novembro de 2020, quando o ganhador do Prémio Nobel da Paz Abiy enviou tropas para derrubar o TPLF, partido no poder de Tigray, acusado de organizar ataques a campos militares.
O TPLF dominou a coligação governante da Etiópia por décadas antes de Abiy chegar ao poder em 2018.
CSR // JH
Lusa/Fim