
O presidente do Tribunal de Recurso, Deolindo dos Santos, disse aos jornalistas que a única candidatura que não foi validada foi a de Luis Tilman, que se apresentava às presidenciais pela segunda vez.
"Houve um candidato que completou os documentos, mas não preencheu os critérios. Trata-se do candidato número 12, senhor Luis Tilman, que não cumpriu os critérios, apesar de apresentar mais assinaturas", referiu.
Luis Tilman não conseguiu completar o total mínimo exigido de apoiantes por município (pelo menos 100), sendo que o fator determinante é o local de recenseamento dos eleitores e não o seu local de nascimento.
Vários outros candidatos tiveram que responder, ainda no prazo de apresentação de candidaturas, a um convite do Tribunal de Recurso para suprimento de algumas irregularidades detetadas na análise inicial à candidatura, incluindo a falta de documentos autenticadas, falta de cartão eleitoral dos apoiantes.
A Luis Tilman foi igualmente dada oportunidade para suprimir a falta de assinaturas, tendo acabado por entregar mais das 5.000 assinaturas totais exigidas, mas sem o mínimo de 100 válidas por municio.
"Se ele apresentar recurso, o coletivo de juízes do Tribunal analisará o assunto e tomará uma decisão, concluindo assim a lista definitiva de candidatos", explicou.
Caso não haja recurso, o Tribunal publica na terça-feira a lista final de candidatos e na quarta-feira realiza o sorteio que determinará a ordem em que os candidatos surgem no boletim de voto. "Se houve recurso, o sorteio poderá realizar-se na sexta-feira", explicou.
Relativamente à questão do recém-criado município de Ataúro, que nasceu formalmente a 01 de janeiro, Deolindo dos Santos disse que os eleitores ainda não tinham sido separados dos eleitores de Díli nos cadernos eleitorais.
"Assim, neste processo, Ataúro ainda faz parte do município de Díli. Apesar de vários candidatos terem apresentado apoiantes de Ataúro, o STAE procedeu à sua verificação na base de dados de Díli", explicou.
Deolindo dos Santos destacou ainda o enorme volume de trabalho de verificação das candidaturas, dado o elevado número de candidatos e de apoiantes.
"O trabalho das últimas semanas foi muito detalhado e exigente por termos recebido muitas candidaturas. O processo de verificação exige bastante trabalho, para garantir que todos os candidatos cumprem o exigido na lei", referiu.
Com a aceitação das candidaturas, confirma-se que as eleições de 2022 serão as mais concorridas de sempre, 'batendo' as de 2012 em que se apresentaram 12 candidatos, sendo ainda as com mais mulheres a apresentarem-se, quatro -- Ângela Freitas, Armanda Berta dos Santos, Isabel Ferreira e Milena Pires -, igualando num único sufrágio o total de mulheres que se apresentaram em todos os anteriores quatro atos eleitorais.
O voto de 19 de março verá a estreia de 12 candidatos que nunca se apresentaram nas presidenciais, fazendo aumentar para 35 o total de timorenses que já foram candidatos desde as primeiras eleições, em 2002, que foram também as com menos candidatos, apenas dois: Francisco Xavier do Amaral e Xanana Gusmão.
O candidato com mais experiência é o atual chefe de Estado, Francisco Guterres Lú-Olo, cuja recandidatura é a quarta a eleições para o chefe de Estado, depois de 2007 e 2012, quando passou à segunda volta e foi derrotado, e 2017, ano em que foi eleito à primeira volta.
Segue-se José Ramos-Horta, que concorre pela terceira vez, depois de 2007, em que venceu à segunda volta e de 2012 em que não passou à segunda volta.
Na segunda candidatura está a presidente do Partido Trabalhista (PT), Ângela Freitas, que se candidatou pela primeira vez em 2017 -- obteve apenas 4.353 votos ou 0,84% - e Rogério Lobato, que se apresentou às urnas pela primeira vez em 2012 obtendo na altura 16.219 votos ou 3,49%.
As estreias incluem Anacleto Ferreira, Antero Bendito da Silva, Armanda Berta dos Santos, Constâncio Pinto, Felizberto Araújo Duarte e Hermes da Rosa Correia Barros.
Candidatam-se também pela primeira Isabel Ferreira, Lere Anan Timur, Mariano Assanami Sabino, Martinho Gusmão, Milena Pires e Virgílio Guterres.
A primeira volta das eleições presidenciais decorre em 19 de março, com a campanha a decorrer na primeira quinzena de março.
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