"Estes últimos aumentos são pesados, são grandes, e esperam-se dias piores para os transportadores de passageiros, espera-se que muitos arrumem os carros", disse Nhamane.

A subida esta semana dos preços dos combustíveis agravou a insustentabilidade da atividade de transporte de passageiros, acrescentou.

"Não são só os combustíveis que contam para a viabilidade da atividade de transporte de passageiros, há outros elementos, como as peças para manutenção e reparação dos veículos", enfatizou.

O presidente da Fematro assinalou que os operadores do setor vão pedir um encontro com o Governo visando encontrar-se uma "almofada" que torne o negócio viável.

"Não nos vamos precipitar e dizer que amanhã vamos subir a tarifa de transporte, antes de nos reunirmos com o Governo e ouvir a sua sensibilidade em relação a esta questão importante da vida dos cidadãos e da economia", defendeu Castigo Nhamane.

O responsável observou que a Fematro tem defendido outras formas de aliviar os custos operacionais da atividade de transporte de passageiros e que não incluam o agravamento do bilhete de passagem.

"Conhecemos a situação precária dos nossos utentes e não somos apologistas de aumentos de tarifa e é por isso que temos proposto outras formas de alívio dos custos", frisou.

Uma das vias, prosseguiu, pode ser a bonificação do preço de venda de sobressalentes, através de lojas especiais para transportadores de passageiros.

A Autoridade Reguladora de Energia (Arene) de Moçambique anunciou na quarta-feira novos preços dos combustíveis, que passam a vigorar a partir de quinta-feira, apontando a alta do custo do crude no mercado internacional como razão do aumento.

De acordo com a nova tabela de preços que a Arene divulgou, o preço do litro da gasolina sobe de 69,94 meticais (0,99 euros) para 77,39 meticais (pouco mais de um euro), o litro do petróleo de iluminação aumenta de 47,95 meticais (0,68 euros) para 50,16 meticais (0,71 euros) e o de gasóleo passa de 61,71 meticais (0,88 euros) para 70,97 meticais (pouco mais de um euro).

O quilo do gás de cozinha (GPL) passa de 71,2 meticais (mais de um euro) para 80,49 (1,1 euros) e o gás natural veicular (GNV) aumenta de 32,69 meticais (0,45 euros) para 37,09 meticais (0,52 euros).

"Com a tendência de não abrandamento dos preços ao nível do mercado internacional, nós ficamos numa situação não muito comportável para as importações", afirmou o presidente da Arene, Paulo António da Graça.

Graça assinalou que os aumentos poderiam ter sido mais expressivos, mas tal não aconteceu devido ao impacto das medidas de mitigação anunciados na terça-feira pelo executivo.

A anterior mexida nos preços dos combustíveis em Moçambique aconteceu em outubro de 2021, quando a Arene anunciou subidas entre 7% a 22%, refletindo a subida do preço do barril de crude que já se verificava na altura e que, entretanto, disparou com a ofensiva militar russa na Ucrânia.

 

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