“Quem não consegue governar a sua casa, é inapto para governar para a causa pública”. A frase sobressai no comentário colocado esta manhã pelo professor universitário Thomas Dellinger em reacção aos maus resultados destas legislativas nacionais, que descreve como “descalabro eleitoral” e para pedir a saída de Paulo Cafôfo da liderança do Partido Socialista na Madeira. O biólogo acusa a actual direcção de falta de pluralidade e vem publicamente retirar-lhe o apoio. “É preciso perceber que o Partido é bem mais que a sua direção”, declara. “Digo agora publicamente que esta direção já não tem o meu apoio desde as Legislativas Regionais, e que não só se deve demitir, como deve ter a hombridade de não condicionar o partido e as próximas eleições, como o fez nestas”.

Thomas Dellinger começa por afirmar-se socialista e por destacar a natureza do partido fundado em 1973 por Mário Soares e muitos outros para apontar a primeira crítica ao actual líder regional, o de não traduzir internamente na Madeira a natureza plural do partido que lidera.

Critica igualmente o sacudir de responsabilidades de Paulo Cafôfo. “A culpa é do populismo, a perda de votos segue a tendência nacional, estamos perante um ataque à democracia na Madeira, a culpa é de todos menos dos responsáveis pelo Partido. Não afirmo que os outros fatores não tivessem importância, mas a Direção tem-na também, e não a assume”. Acrescenta que no arquipélago a descida foi ainda mais significativa do que a nível nacional.

O docente sai em defesa dos ideiais socialistas e lembra que é possível fazer melhor, mas que isso requer “uma política interna do partido de inclusão, não de capelinha, requer uma política que internamente reconhece valor aos seus muitos militantes, e não exclua uns contra outros”.

Acredita que um partido “internamente bem gerido” poderá recuperar a credibilidade do eleitorado. Para isso, frisa, “terá de resolver os seus problemas internos, não com pessoas escolhidas a dedo pela actual direção, mas por militantes que representem a nossa real diversidade”.