O Supremo Tribunal Federal do Brasil ordenou este sábado o reforço da vigilância policial da residência do ex-Presidente Jair Bolsonaro, para evitar uma fuga nas vésperas do início da fase final do seu julgamento por tentativa de golpe de Estado.

O juiz Alexandre de Moraes, responsável pelo caso, determinou que os agentes da Polícia Criminal de Brasília registem todos os veículos que saem da residência do ex-Presidente na capital e que o informem sobre os ocupantes das viaturas.

O magistrado ordenou também a monitorização da área interna do terreno da residência, onde o ex-Presidente (2019-2022) cumpre prisão domiciliária desde o início de agosto. Alexandre de Moraes entendeu que Jair Bolsonaro teria condições de fugir por ser proprietário de outros imóveis vizinhos, explica o site da "Veja".

“A efetividade do monitoramento integral do réu Jair Bolsonaro, determinado em decisão anterior, exige a adoção de novas medidas, que conciliem a privacidade dos demais residentes do local e a necessária garantia da lei penal, impedindo qualquer possibilidade de fuga", justificou o juiz, citado pela revista "Veja".

Segundo o juiz, as novas medidas conciliam a "privacidade" dos outros ocupantes da casa, onde Bolsonaro mora com a mulher e a filha. Flávio Bolsonaro, senador e filho do ex-presidente, criticou ainda assim o juiz, acusando-o de "invasão de privacidade", segundo o "Uol".

Alexandre de Moraes, em linha com a opinião do Ministério Público, evitou ordenar a vigilância dos movimentos do ex-Presidente dentro da casa, como havia sido sugerido pela Polícia Federal.

Um grupo de agentes já fazia um acompanhamento contínuo dos arredores da residência, mas o início da fase final do processo previsto para a próxima terça-feira levou o magistrado a endurecer as medidas.

Além de estar em prisão domiciliária, o ex-presidente usa pulseira eletrónica e está proibido de usar redes sociais, como parte das medidas cautelares que lhe foram impostas.

Bolsonaro está a ser julgado por supostamente liderar uma conspiração que visava anular os resultados das eleições de 2022, nas quais foi derrotado pelo atual Presidente do Brasil, Lula da Silva, e incitar ataques às sedes da Presidência, do Congresso e do Supremo Tribunal Federal em 8 de janeiro de 2023.

Os cinco crimes dos quais, com outros altos funcionários militares e políticos do seu governo são acusados, podem levar a uma pena de prisão de cerca de 40 anos.