O Serviço Regional de Saúde (SESARAM) tem falta de cerca de 500 enfermeiros. O número é apontado por Juan Carvalho.

Para o presidente do Sindicato dos Enfermeiros da Região Autónoma da Madeira (SERAM), serão necessários cerca de 2.500 destes profissionais - neste momento são 2.042 os enfermeiros que integram os quadros do SESARAM - para que o serviço público de saúde "preencha os rácios da OCDE, que apontam para 9,4 enfermeiros por cada 1.000 habitantes". Neste momento, disse, esse rácio situa-se, "na melhor das soluções", nos 7,1.

Ainda assim, Juan Carvalho reconhece os "passos positivos [dados até ao momento] na valorização da profissão", sem deixar de apontar o que ainda está por fazer e que faz parte de um caderno reivindicativo apresentado ao anterior secretário regional e que transitou para o mandato de Micaela Freitas.

Em relação à contratação de enfermeiros, o sindicalista lamenta que do procedimento concursal a decorrer, apenas sejam admitidos a curto prazo 80 novos enfermeiros, 30 dos quais já estão ao actualmente ao serviço, o que se traduz num reforço efectivo muito reduzido para as necessidades sentidas.

"Basta passar pelos serviços para ver a realidade do dia-a-dia", argumenta, falando mesmo em "sobrecarga enorme das equipas".

Do conjunto de reivindicações constam, também, a avaliação do desempenho do biénio 2023/2024, traduzindo-se na atribuição de quatro pontos, bem com as dívidas que estarão pendentes para com alguns enfermeiros, que em alguns casos poderá chegar aos três ou quatro mil euros em falta pelo serviço nocturno ou trabalho suplementar.

Quem também reconheceu a carência de enfermeiros do SESARAM foi José Manuel Ornelas. Aos jornalistas, o director de enfermagem do SESARAM notou que "as necessidades são dinâmicas" e que "haverá sempre falta de enfermeiros", reconhecendo que existem "faltas identificadas" em todos os serviços, realçando que muitas delas serão colmatadas com o concurso que está neste momento a decorrer, destacando a reserva de recrutamento que o mesmo garante.

Já a secretária regional de Saúde e Protecção Civil, no discurso que proferir na sessão de abertura das comemorações do Dia Internacional do Enfermeiro, no Hospital Dr. Nélio Mendonça, destacou a contratação de profissionais da enfermagem nos governos de Miguel Albuquerque. Entre 2015 e 2024 a governante apontou a admissão de 640 novos enfermeiros para o SESARAM, destacando outros 30 que foram contratados já este ano.

Micaela Freitas, nova secretária regional de Saúde e Protecção Civil, na mensagem que dirigiu aos presentes, destacou a aposta nos recursos humanos e, particularmente, nos enfermeiros, na governação de Miguel Albuquerque, entre 2015 e 2024.
Micaela Freitas, nova secretária regional de Saúde e Protecção Civil, na mensagem que dirigiu aos presentes, destacou a aposta nos recursos humanos e, particularmente, nos enfermeiros, na governação de Miguel Albuquerque, entre 2015 e 2024. Foto ML

Esses são apenas alguns dos argumentos que sustentam a tese de que "os investimentos na carreira de enfermagem distinguem-se do resto do País", com "passos muito importantes e se forma inovadora", onde se inclui, por exemplo, o descontentamento da carreira, iniciado em 2019, representando um investimento superior a 25 milhões de euros.

Micaela Freitas reconhece que "a saúde não pára", pelo que assume a necessidade de mais e novas contratações, onde se inclui o já referido concurso para 200 profissionais. Esta é vista pela secretária da tutela como "uma medida necessária para assegurar a renovação da classe e diminuir a sobrecarga em alguns serviços".