"[Os insurgentes] estão a sofrer baixas em Cabo Delgado. Eles quererão fugir e podem vir para aqui, para se aproveitarem da nossa comida e estar connosco à espera de outro momento para continuar a fazer-nos mal", disse Mety Gondola, citado hoje pela Televisão de Moçambique.

O secretário de Estado pede que a população controle as entradas, saídas e atividades na comunidade, para garantir que a província de Nampula esteja segura.

"Temos de conseguir identificar e denunciar [os suspeitos]. Cada um de nós tem de controlar [o seu bairro], para que estejamos todos seguros", frisou o responsável.

O discurso de Mety Gondola surge numa altura em que se registam sinais de alastramento da insurgência para a província do Niassa, vizinha de Cabo Delgado (também no norte de Moçambique), com ataques esporádicos a pontos recônditos que já provocaram a fuga de cerca de 3.000 pessoas nestes locais, segundo os últimos dados das autoridades.

Desde julho, uma ofensiva das tropas governamentais com o apoio do Ruanda, a que se juntou depois a Comunidade de Desenvolvimento da África Austral (SADC), permitiu aumentar a segurança, recuperando várias zonas onde havia presença de rebeldes, nomeadamente a vila de Mocímboa da Praia, que estava ocupada desde agosto de 2020.

A Missão Militar da SADC em Moçambique (SAMIM, na sigla inglesa) vai permanecer no país por mais três meses, numa operação orçada em 29,5 milhões de dólares (26 milhões de euros), anunciou o Presidente moçambicano, Filipe Nyusi.

A província de Cabo Delgado é rica em gás natural, mas tem sido aterrorizada desde outubro de 2017 por rebeldes armados, sendo alguns ataques reclamados pelo grupo 'jihadista' Estado Islâmico.

O conflito já provocou mais de 3.100 mortes, segundo o projeto de registo de conflitos ACLED, e mais de 817 mil deslocados, de acordo com as autoridades moçambicanas.

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