Um dia depois de Rui Rocha ter jogado vólei na praia de Santo Amaro de Oeiras, o primeiro-ministro passou a manhã deste domingo a fazer o mesmo em Espinho e admitiu que poderá formar uma 'boa dupla' com o líder liberal. A frase foi dita sobre o desporto, mas por trás estava, como tem estado desde o início da campanha eleitoral, mensagens sobre os cenários pós-eleitorais que podem juntar AD e IL. Quando a conversa é sobre o pós, Rocha lembrou, no entanto, que já houve tentativas prévias de acordos para as eleições por parte "das lideranças do PSD".

Rui Rocha já tem sugerido várias vezes que essa tentativa de aproximação tinha sido tentada. Mas desta vez foi mais taxativo ao dizer que a IL decidiu ir a a votos sozinha nestas legislativas, embora houvesse "enormes manifestações de desejo para que a IL se integrasse noutro tipo de plataforma", ou seja, uma coligação pré-eleitoral com a AD. E quem o tentou? "Quem tem a capacidade e a possibilidade de liderar a direção e as lideranças" do próprio PSD. Não por parte de "forças vivas". "Foram as lideranças do PSD e tenho a certeza que não dirão o contrário, que confirmarão", disse.

Se essa dupla não resultou antes das eleições, pode resultar agora? "Montenegro está um bocadinho atrasado, nós começámos ontem, somos mais rápidos", ironizou Rocha usando o jogo de vólei para contornar as perguntas mais políticas, à margem de uma visita a uma exploração agrícola em Santarém.

O presidente da IL referia-se ao facto de a prática de vólei de praia ser já tradição das campanhas liberais, deixando no ar também a ideia - muito repetida na estrada - de que o partido é mais ambicioso e rápido na respostas para o país do que a AD.

IL não "é apêndice"

Mas para se juntarem, há um irritante chamado CDS. O centrista Nuno Melo disse ontem que a coligação com o PSD "é com o PSD, não é com mais ninguém”, numa disputa muito particular entre aliados, o líder liberal contornou e disse apenas sentir que os portugueses "desejam uma IL forte para mudar o país" e que o próximo dia 18 "vai correr bem" para a o partido e o país.

Questionado sobre se concordava com Montenegro - que garantiu que o CDS cabia num acordo do PSD com a IL "para todo o trabalho que é preciso em equipa" - Rocha disse apenas que com "espírito de equipa" acredita que o partido ajudará a transformar o país.

"Nós dissemos aos portugueses que podem contar com a IL para mudar o país e isso só fazia sentido, só era consequente, indo sozinhos. O país só muda com uma IL que saia reforçada destas eleições. Agora, nós não somos um partido apêndice, temos as nossas ideias, temos programas concretos para Portugal, soluções para a habitação, saúde, agricultura", advogou.