
"À medida que mais pessoas são forçadas a fugir das suas casas na República Democrática do Congo, a insegurança alimentar está a agravar-se, gerando maiores necessidades humanitárias a nível regional", afirmou o PAM.
A agência das Nações Unidas sublinhou na sexta-feira que o agravar do conflito "elevou a insegurança alimentar a proporções de crise" e aprofundou uma resposta humanitária já tensa.
De acordo com o último relatório da ONU, 7,9 milhões de pessoas sofrem de insegurança alimentar no leste da RDCongo, um número que sobe para 28 milhões a nível nacional.
As mulheres, as crianças e os idosos estão entre os grupos mais afectados, pois são mais dependentes da ajuda alimentar e enfrentam "maiores riscos" nos campos de deslocados que estão "sobrelotados e com poucos recursos", referiu o PAM.
Entre as principais causas estão a "redução drástica" da produção em centros agrícolas como o Grand Nord e o encerramento de aeroportos como o de Goma, capital da província de Kivu do Norte, "crucial para a entrega de ajuda humanitária".
O conflito levou cerca de 140 mil congoleses a procurar refúgio nos países vizinhos, principalmente o Burundi, o Uganda, o Ruanda e a Tanzânia, desde janeiro criando uma crise regional, referiu o PAM.
"Os campos de refugiados nestes países, já sob pressão de refugiados de outros países, estão a ter dificuldades em absorver os recém-chegados", enfatizou a agência da ONU.
"As necessidades crescentes estão a ultrapassar os recursos disponíveis", resultando em "cortes drásticos" nas rações e no número de funcionários, alertou o PAM
A agência solicitou 433 milhões de dólares (380 milhões de euros), um montante que lhe permitiria manter as suas operações na RDCongo até outubro.
Entre janeiro e março, o PAM forneceu alimentos vitais e assistência financeira a 1,1 milhões de pessoas só nas províncias do leste do país.
A agência apoiou também mais de 80 mil refugiados no Burundi, 130 mil pessoas no Ruanda, 630 mil deslocados no Uganda e quase 186 mil residentes abrigados na Tanzânia.
"O PAM está a trabalhar com parceiros humanitários para garantir que as pessoas recebem assistência vital, mas as necessidades estão a aumentar e os recursos não estão a acompanhar o ritmo", lamentou a agência.
O leste do Congo, uma região rica em recursos naturais que faz fronteira com o Ruanda, está dividido em conflitos há 30 anos.
A violência intensificou-se nos últimos meses, com o grupo armado antigovernamental M23, apoiado pelo Ruanda e pelo seu exército, a tomar o controlo das principais cidades de Goma e Bukavu, as capitais das províncias do Kivu Norte e do Kivu Sul.
VQ (DMC/TAB) // VQ
Lusa/Fim