"A Fretilin começou profundamente dividida. Nunca a Fretilin concorreu a eleições com mais do que um candidato, o que em si revela a erosão da atual liderança. Os números falam por si", afirmou hoje o ex-Presidente, em conferência de imprensa.

"É obvio que a grande perdedora destas eleições é a Fretilin", sustentou, referindo-se ao atual presidente do partido e Presidente da República, Francisco Guterres Lú-Olo, e ao secretário-geral Mari Alkatiri.

Cinco militantes da Fretilin, entre eles Lere Anan Timur, ex-chefe das Forças Armadas, estiveram entre os 16 candidatos às eleições presidenciais de sábado.

Ramos-Horta disse que, tradicionalmente, quem está no cargo tem "todos os meios nas suas mãos" em caso de recandidaturas, destacando até situações "questionáveis" como a decisão do ministro da Educação, Armindo Maia, de inaugurar uma escola na véspera do voto.

"No meio das eleições [na sexta-feira, período de reflexão] houve até distribuição da famigerada cesta básica, o que não passa de compra de voto. E não é compra com dinheiro privado, é com o Orçamento Geral do Estado", afirmou.

"Quem está no poder tem essa possibilidade de fazer uso dos bens do Estado. Mas, mesmo assim, e se formos fazer o compto geral, acabará por não ser necessária segunda volta", previu Ramos-Horta.

Lú-Olo só venceu as presidenciais "à terceira tentativa", em 2012, "quanto teve o apoio de Xanana Gusmão" -- o líder histórico timorense que agora apoiou a candidatura de Ramos-Horta - lembrou o candidato.

Ramos-Horta disse que o facto da Fretilin ter apoiado formalmente a candidatura de Lú-Olo, em detrimento de outros militantes candidatos, incluindo Lere Anan Timur, confirma que "todos os votos que não são em Lú-Olo, são rejeição do Lú-Olo".

"Esta é a rejeição do segundo mandato do Presidente Lú-Olo", vincou.

Segundo o escrutínio parcial apurado pelo Secretariado Técnico de Administração Eleitoral, e com cerca de 40% dos votos escrutinados, Ramos-Horta lidera a contagem com 44,15%.

O atual chefe de Estado, Francisco Guterres Lú-Olo, é segundo com 25,51%.

Uma vitória à primeira volta requere que um dos 16 candidatos obtenha 50% mais um voto. 

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