O ex-Presidente da República disse à Lusa que essa solução, que se traduzirá também na eleição de um novo presidente do Parlamento Nacional, ajudará a resolver várias das críticas sofre a forma como o atual responsável assumiu o cargo, em maio de 2020.

Em causa está uma situação polémica sobre a forma como o atual presidente do Parlamento, Aniceto Guterres (Fretilin), assumiu funções, em maio de 2020.

A maioria -- Fretilin, PLP e Kmanek Haburas Unidade Nacional Timor Oan (KHUNTO) -- exigiu durante vários dias que o então presidente do Parlamento, Arão Noé (CNRT), convocasse o plenário em que seria votada a sua substituição, e quando este não o fez, a plenária foi convocada pela vice-presidente, Angelina Sarmento (PLP)."

Segundo o escrutínio parcial apurado pelo Secretariado Técnico de Administração Eleitoral (STAE), e com cerca de 40% dos votos escrutinados, Ramos-Horta lidera a contagem com 44,15%.

O atual chefe de Estado, Francisco Guterres Lú-Olo, é segundo com 25,51%.

Uma vitória à primeira volta requere que um dos 16 candidatos obtenha 50% mais um voto.

A concretizar-se a previsão de Ramos-Horta - segundo a contagem interna da candidatura - de uma vitória já à primeira volta, poderá haver já no início da semana uma moção de censura ao Governo.

Questionado sobre se a reconfiguração da maioria implicará a saída do KHUNTO do executivo -- onde está com a Fretilin e o PLP, do atual primeiro-ministro, Taur Matan Ruak -- Ramos-Horta escusou-se a avançar pormenores.

"Não posso falar muito nisso, mas posso dizer o seguinte. Eu falo com muitos líderes políticos, de todos os partidos, grandes e pequenos, e já há semanas que tenho dito que depois da minha eleição haverá quase automaticamente uma nova maioria no parlamento", disse.

"E às vezes isso acontece, não como resultado de eu falar com o KHUNTO ou com o PLP, mas sim porque entre eles se zangam. E isso não seria novidade", considerou Ramos-Horta.

Fontes do CNRT admitem que uma moção de censura poderá ser já apresentada nas sessões plenárias desta semana, sendo essencial aguardar pela confirmação pelo STAE dos resultados oficiais.

Questionado pela Lusa sobre se a moção dará tempo ao primeiro-ministro Taur Matan Ruak para implementar uma remodelação já anunciada, Ramos-Horta criticou o timing da mudança.

"Se fosse primeiro-ministro faria uma remodelação a um terço do mandato, de cinco anos. Mas, uma remodelação no fim do mandato [que termina oficialmente em 2023] e sobretudo afetando os membros do seu próprio partido no Governo, não cabe na cabeça de ninguém", afirmou.

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