
O projeto "Arte Solidária STP", que já se encontra na quarta edição, nasceu para ajudar os serviços sociais da embaixada de São Tomé a prestar assistência aos doentes são-tomenses que se encontrem a realizar tratamentos em Portugal, disse a responsável pela iniciativa, Goretti Pina.
Segundo a mesma fonte, a gala está a ter bastante adesão, mas os dados finais relativos aos valores angariados só são conhecidos no dia da gala, no próximo sábado.
No fim da gala é anunciado o valor monetário que se vai entregar ao serviço social da embaixada de São Tomé e é marcada uma reunião para discutir a data de entrega do dinheiro. Esta entrega é pública, e todas as pessoas que ajudaram a iniciativa são convidadas a assistir.
Quando a embaixada recebe o valor, a associação acompanha onde é aplicado o dinheiro através de um protocolo que foi assinado por ambas as partes, e que a embaixada tem cumprido, disse Goretti Pina.
Sempre que a embaixada usa dinheiro que foi angariado pela associação, deve preencher um relatório a explicar onde foi aplicado o dinheiro (se no pagamento de uma consulta, de uma receita médica, etc) e em que doente esse dinheiro foi aplicado. Esse mesmo relatório é, posteriormente, entregue à associação, acrescentou a responsável.
"Nunca sabemos exatamente quantos doentes vão beneficiar do valor enquanto este não for distribuído pelos serviços sociais. É o serviço social que sabe quais são os casos mais importantes, mais urgentes, então essa gestão é feita por eles", disse.
Segundo Goretti Pina, a embaixada tenta prestar o máximo auxílio aos doentes são-tomenses que se encontram em Portugal, mas essa ajuda é "muito insuficiente ainda, diante da dimensão de necessidade".
No passado dia 14 de fevereiro foi anunciado, pela embaixada, que São Tomé vai cortar os subsídios sociais aos doentes deslocados em Portugal há mais de dois anos, para incluir novos doentes na lista de apoios.
"Os doentes transferidos de São Tomé e Príncipe para Portugal, que beneficiam de subsídios há pelo menos dois anos deixam doravante de receber os subsídios a fim de permitir a inclusão dos novos doentes chegados recentemente a Portugal", adiantou, em comunicado, a missão diplomática são-tomense em Lisboa.
No mesmo sentido, os subsídios de transporte atribuídos aos acompanhantes passarão a ser limitados a três meses a contar da chegada a Portugal.
De acordo com a embaixada, a atual situação financeira do país não tem permitido "ao Estado o envio regular da verba destinada a acorrer às necessidades dos doentes transferidos para Portugal" através de juntas médicas.
O objetivo é atualizar a lista de doentes que beneficiam de subsídios sociais da embaixada, valores que variam entre os 40 e os 80 euros e se destinam a ajudar os doentes a custear despesas de transporte, medicamentos e por vezes alimentação.
As novas atribuições de apoios passarão a ter em conta, entre outros aspetos, as doenças dos beneficiários, nomeadamente as situações de diálise e oncologia, a situação socioeconómica dos beneficiários e se estes têm trabalho remunerado.
Haverá ainda maior controlo na entrega dos valores, que terão de ser recebidos pessoalmente pelos beneficiários com exigência de apresentação dos documentos de identificação.
Em declarações à agência Lusa o embaixador de São Tomé em Portugal, António Quintas, classificou a situação dos cerca de 2.600 doentes são-tomenses em tratamentos em Portugal como "caótica" e reconheceu que, desde 2015, tem havido atrasos "consideráveis" no pagamento dos subsídios.
Goreti reportou casos em que as pessoas têm de abandonar os tratamentos e regressar a São Tomé por não terem dinheiro para suportar as despesas e lamentou que a embaixada não tenha "nenhuma estrutura" que possa salvaguardar as pessoas neste tipo de situações.
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