Três professores ouvidos pela Lusa confirmaram a situação, explicando que os funcionários timorenses das mesmas escolas já receberam os seus salários, que estavam também em atraso.
"A informação que nos está a ser dada é de que só deveremos receber na segunda metade de maio. Dizem que o problema agora é nas Finanças e não no Ministério da Educação", disse um professor à Lusa.
Outra professora explicou a "situação dramática" que vivem alguns dos docentes que nem sequer têm dinheiro para poder ir ao médico - têm que pagar antecipadamente antes de serem ressarcidos pelo seguro.
"Díli não é uma cidade barata. Temos que pagar rendas e os nossos gastos aqui e o dinheiro do salário em Portugal não chega para as despesas lá e cá", sublinhou.
Ana Bessa, coordenadora portuguesa do projeto, recusou-se a prestar qualquer declaração à Lusa, afirmando que não respondia pelo seu telefone pessoal, para o qual foi contactada, tendo-se recusado a dar o seu contacto "oficial".
O atraso mantém-se um mês depois de o Ministério da Educação timorense ter anunciado, num comunicado remetido à Lusa, que estavam a ser pagas verbas em atraso referentes a remunerações e outras regalias salariais de trabalhadores nacionais e estrangeiros.
Nesse comunicado, de 26 de março, a tutela refere que o atraso constituiu uma situação "transversal a todas as entidades do Estado" no pagamento de "remunerações e outras regalias salariais relativos a prestação de serviços de nacionais e de internacionais, incluindo complementos remuneratórios".
No passado dia 17 de abril, durante uma visita a Timor-Leste, o ministro da Educação português, Nuno Crato, disse que este e outros problemas que persistiam na cooperação entre Portugal e Timor-Leste na área da Educação estavam a ser resolvidos.
"Há um compromisso por parte do governo de Timor-Leste de apressar as coisas, de resolver rapidamente os problemas que têm ocorrido e dar mais atenção a que os problemas se resolvam com maior rapidez se voltarem a acontecer", disse à Lusa.
Sobre este assunto, Crato disse que todos estavam "empenhadíssimos em resolver a situação" e que ele próprio ouviu "o compromisso da parte do Governo timorense de que essa situação será resolvida a muitíssimo curto-prazo".
As escolas de referência estão a ser igualmente afetadas pelos repetidos atrasos no envio para Timor-Leste de quase 50 professores que foram contratados em setembro do ano passado e continuam sem chegar a Díli.
Questionado sobre o atraso no envio dos professores, Crato disse que se deveu a "um problema de coordenação que tem que ser resolvido", contando "com o empenho do senhor primeiro-ministro de Timor-Leste para o resolver".
O Ministério da Educação português tinha, no final de fevereiro, justificado à Lusa o atraso com a mudança de Governo em Timor-Leste e apontado o mês de março como data provável para a deslocação dos docentes.
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