O chefe de Estado ucraniano lembrou que diplomatas ucranianos, cientistas nucleares e a Agência Internacional de Energia Atómica (AIEA) estão em "constante contacto" para enviar a missão da agência da ONU para a maior central nuclear da Europa.

Apenas a transparência absoluta e uma situação controlada dentro e ao redor da central nuclear "podem garantir um regresso gradual à segurança nuclear normal para o Estado ucraniano, para a comunidade internacional e para a AIEA", realçou Zelensky, na habitual mensagem de vídeo noturna diária dirigida à nação.

"O Exército russo deve retirar-se do território da central nuclear e de todas as áreas vizinhas, e retirar o seu equipamento militar da central. Isto deve acontecer incondicionalmente e o mais rápido possível", exigiu o governante.

A Ucrânia está preparada para garantir o controlo adequado à AIEA, para que a missão correspondente "possa ser enviada à fábrica de Zaporijia de forma legal, com muita rapidez e eficiência", acrescentou Zelensky.

O secretário-geral das Nações Unidas (ONU), António Guterres, chegou hoje à cidade ucraniana de Lviv, onde se encontrará na quinta-feira com Zelensky, e com o Presidente turco, Recep Tayyip Erdogan.

O diplomata português planeia realizar um encontro bilateral com o Presidente ucraniano, no qual deverá abordar o estado geral do conflito, a necessidade de uma solução política e outras questões, como a situação na central nuclear de Zaporijia e as tentativas de envio de uma missão de especialistas internacionais para avaliá-la no terreno, disse o porta-voz de António Guterres.

Sobre os combates contra as forças russas, o Presidente da Ucrânia referiu ainda que os "combates mais difíceis" decorrem nas regiões de Avdiyivka e Bakhmut e em Kharkiv, entre outras.

Zelensky sublinhou que na região de Zaporijia, e algumas zonas do sul do país, "os ocupantes estão a tentar melhorar a sua situação", embora considere que estas ações são "estrategicamente inúteis" para as forças russas.

Os soldados ucranianos irão "destruir o potencial dos ocupantes passo a passo, e chegará o dia em que o inimigo morrerá em Zaporijia, no sul, no leste do país e na Crimeia", frisou.

A ofensiva militar lançada a 24 de fevereiro pela Rússia na Ucrânia causou já a fuga de mais de 12 milhões de pessoas de suas casas -- mais de seis milhões de deslocados internos e mais de seis milhões para os países vizinhos -, de acordo com os mais recentes dados da ONU.

Também segundo as Nações Unidas, cerca de 16 milhões de pessoas necessitam de assistência humanitária na Ucrânia.

A invasão russa foi condenada pela generalidade da comunidade internacional, que está a responder com envio de armamento para a Ucrânia e imposição à Rússia de sanções que atingem praticamente todos os setores, da banca à energia e ao desporto.

A ONU confirmou que 5.514 civis morreram e 7.698 ficaram feridos na guerra, que hoje entrou no seu 174.º dia, sublinhando que os números reais serão muito superiores.

DMC (MYMM) // CC

Lusa/Fim