Nyusi falava na cerimónia de posse do primeiro-ministro, Adriano Maleiane, e outros seis governantes, no que classifica como "um momento delicado da governação, em que o país enfrenta inúmeros desafios".

"Por um lado, há o drama do terrorismo em Cabo Delgado e das intempéries ao longo do país, por outro, vemo-nos confrontados com a difícil conjuntura política que o mundo atravessa, com repercussões a nível interno", numa alusão ao conflito entre Rússia e Ucrânia que está a fazer disparar o preço de várias matérias-primas.

A situação "demanda do Governo ações enérgicas e coordenadas, visando proteger as condições de vida dos moçambicanos", referiu.

"É neste contexto que nos vimos na contingência de reforçar a nossa equipa, colocando as pedras certas para enfrentar os desafios" de uma forma "mais dinâmica, proativa e orientada para os resultados", detalhou Filipe Nyusi.

O chefe de Estado comparou ainda a mudança a um jogo de futebol, tal como disse ter respondido a um jovem que na quinta-feira o questionou sobre as mexidas no Governo da Frente de Libertação de Moçambique (Frelimo, partido no poder desde a independência).

"Estávamos a defender bem para poder gerir o resultado, mas eu quero ganhar o jogo, então, vou aumentar o caudal ofensivo", disse.

Num regime presidencialista como o de Moçambique, Nyusi pediu a Adriano Maleiane, como novo primeiro-ministro - era desde 2015 ministro da Economia e Finanças - que "coordene a ação governativa" para que cada ministério "cumpra com as suas competências".

"Na minha ausência é a cara visível do meu Governo", salientou Nyusi, acreditando que estará "à altura" dos desafios, "facilitando a comunicação dentro do Governo e com os parceiros".

Ao novo ministro da Economia e Finanças, Max Tonela (que era até agora ministro dos Recursos Minerais e Energia), o chefe de Estado pediu que aumente as exportações em todos os setores, frisando que Moçambique tem "muita coisa" além do gás, numa alusão ao potencial de produção do país e à necessidade de diversificação da economia.

Nyusi puxou pelo currículo de Tonela, destacou o que classifica como experiências bem-sucedidas na gestão da Electricidade de Moçambique (EDM) e Hidroeléctrica de Cahora Bassa (HCB) e apelou ainda à promoção da lei do conteúdo local e à promoção de um ambiente de negócios mais competitivo.

Apesar de a exploração de gás natural, que arranca este ano na bacia do Rovuma (ao largo de Cabo Delgado) ser a atração mais mediatizada no horizonte económico-financeiro, o Presidente moçambicano deu destaque a outras metas.

Mesmo quando se dirigiu a Carlos Zacarias, novo ministro dos Recursos Minerais e Energia (era presidente do Instituto Nacional de Petróleo), dedicou grande parte da mensagem à necessidade de alcançar o acesso universal à eletricidade.

Ainda nesta área, e numa altura em que está em curso a venda das minas de carvão de Tete, interior do país, da brasileira Vale para a indiana Vulcan, Nyusi disse que as mudanças que ali acontecerem não podem prejudicar os moçambicanos.

O chefe de Estado deu ainda destaque à necessidade de requalificação da principal estrada do país, a EN1, que atravessa Moçambique de norte a sul, ao dirigir-se ao novo ministro das Obras Públicas, Carlos Mesquita.

Tomaram ainda posse Silvino Moreno como ministro da Indústria e Comércio, Lídia Cardoso como nova ministra do Mar, Águas Interiores e Pescas e Amílcar Tivane no cargo de vice-ministro da Economia e Finanças.

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