
"Tivemos um presente especial, que foi o facto de historiadores da BBC terem nomeado Amílcar Cabral como uma das 20 personalidades históricas mais importantes da humanidade, o que é muito mais abrangente do que falar de Cabo Verde, falar de África", afirmou Pedro Pires, na cidade da Praia, durante o lançamento das comemorações do 20 de janeiro, cujo ato oficial vai ser no município de Santa Cruz, interior da ilha de Santiago.
O 20 de janeiro é Dia dos Heróis Nacionais em Cabo Verde, em que se assinala o aniversário da morte de Amílcar Cabral, considerado o pai das nacionalidades cabo-verdiana e guineense, e se presta homenagem aos que lutarem pela independência dos dois países.
O ideólogo das independências da Guiné-Bissau e Cabo Verde integra a lista dos 20 maiores líderes mundiais de todos os tempos elaborada para a BBC por um painel de historiadores.
Amílcar Cabral surge na lista elaborada para a HistoryExtra, o site oficial do BBC History Magazine, BBC History Revealed e BBC World Histories Magazine, ao lado de nomes como o faraó Amenhotep III, do Egito, a rainha Isabel de Castela, a imperatriz Catarina, a Grande da Rússia, a líder militar francesa Joana D'Arc, o primeiro-ministro do Reino Unido Winston Churchill ou o Presidente dos Estados Unidos Abraham Lincoln.
A lista das 20 personalidades será agora submetida a votação pelos leitores até 26 de fevereiro para a escolha do grande líder histórico mundial.
Para o também presidente da Fundação Amílcar Cabral, a nomeação é um presente que anima e estimula a fundação a continuar a trabalhar na afirmação do seu patrono como uma das grandes personalidades mundiais.
Questionado sobre que proveito Cabo Verde deve tirar dessa nomeação, Pedro Pires disse que, em primeiro lugar, o país deve ficar orgulhoso.
"Eu tenho orgulho de Amílcar Cabral, porque ele é reconhecido como uma personalidade histórica universal, é da mesma forma quando temos orgulho porque a morna foi classificada um património imaterial da humanidade", sustentou.
O ex-chefe de Estado cabo-verdiano acrescentou: "É um orgulho para nós porque é uma grande produção nossa. É um filho desta terra, é o grande produto humano desta terra".
Pedro Pires considerou que, a partir disso, o país pode encontrar força e motivação para vencer as dificuldades e realizar as ambições e aspirações.
"O que é que Cabo Verde tira disso, é que quem tem um grande homem, também pode ser um grande país", apontou o antigo chefe de Estado, notando que, após o reconhecimento universal de Amílcar Cabral, falta o reconhecimento do país, a sua obra e as suas gentes.
Amílcar Cabral foi nomeado pelo historiador britânico especializado em estudos africanos da Universidade de Chichester, Hakim Adi, e aparece em 14º na lista.
Na fundamentação, Hakim Adi sublinha a grandeza do líder africano cuja "luta pela independência em África também transformou Portugal".
Nascido na Guiné-Bissau em 12 de setembro de 1924, filho de cabo-verdianos, Amílcar Cabral fundou o Partido Africano da Independência da Guiné-Bissau e Cabo Verde (PAICV), lançando as bases do movimento que levaria à independência das duas antigas colónias portuguesas.
O fundador do PAICV foi assassinado em 20 de janeiro de 1973, em Conacri, em circunstâncias ainda hoje não totalmente claras, antes de ver os dois países tornarem-se independentes.
As comemorações do Dia dos Heróis Nacionais em Santa Cruz já arrancaram e vão até dia 20 com atividades ligadas ao desporto, cultura, educação e saúde, envolvendo sobretudo crianças e jovens.
RIPE (CFF) // LFS
Lusa/Fim