
O secretário-geral do PCP acusou hoje os partidos que pretendem mudar a Constituição de quererem dar o golpe e recuperou a máxima de Álvaro Cunhal de que "perante a ofensiva da direita, ninguém arreda pé".
"Eles querem dar o golpe, e aquilo que o nosso povo precisa não é de golpes. O que o nosso povo precisa é que cada artigo da Constituição tenha tradução na vida de cada um", defendeu Paulo Raimundo, na sua intervenção num comício em Almada.
Perante centenas de apoiantes que encheram parte da Rua Capitão Leitão, em Almada, Raimundo insistiu que a Constituição "é para cumprir na vida de todos os dias", tendo destacado os artigos 59.º (direitos dos trabalhadores), 73.º (acesso à educação e à cultura), 80.º (subordinação do poder económico ao poder político democrático), 81.º (promoção do bem-estar social e económico e da qualidade de vida das pessoas), 65.º (direito à habitação), 64.º (acesso à saúde) e os artigos referentes aos direitos de pais, mães, crianças e jovens.
"A única coisa que nós precisamos de rever -- e o mais depressa possível -- é a política anticonstitucional que está em curso e os seus protagonistas", sublinhou.
O líder comunista acusou os partidos que pretendem alterar a Constituição de quererem "um assalto à Segurança Social", alterar as leis laborais "e aprofundar ainda mais a precariedade", ou avançar com mais privatizações.
No entender do secretário-geral do PCP, esta é, também, uma "grande oportunidade para esclarecer" e levar ao povo a exigência do cumprimento da Constituição.
"Pode sair-lhes o tiro pela culatra", lançou.
Paulo Raimundo insistiu na necessidade de chumbar o Programa do XXV Governo, argumentando que o partido sabe "bem o que aí vem".
"Àqueles que afirmam que é cedo para se avançar com a rejeição do programa do governo, nós dizemos que sabemos bem o que aí está e sabemos bem o que aí vem, que é agora o momento para clarificar aqueles que apoiam, os que são coniventes, ou os que apoiam esta política", disse.
Sobre as eleições legislativas, numa análise uma semana depois do voto e mais a frio, Raimundo lamentou que o ambiente encontrado na "campanha extraordinária de contacto" e mobilização não se tenha refletido nas urnas.
"O ambiente foi melhor que o resultado, mas o ambiente está aí, continua aí. Não desperdicemos esse ambiente", pedindo uma maior mobilização dos seus apoiantes.
No entender do líder comunista, este "não é o momento para encolhimentos nem para ilusões", mas sim de "resistência e de luta contra o retrocesso".
Na conclusão da sua intervenção, Paulo Raimundo voltou a distanciar-se da direita e recuperou uma citação do antigo líder comunista Álvaro Cunhal.
"Recordando umas palavras num comício histórico do nosso partido, do camarada Álvaro Cunhal, num quadro diferente mas em que ele afirmava com aquela convicção que só ele era capaz de ter: perante a ofensiva da direita, da nossa parte, ninguém arreda pé", garantiu.
Quando estão por contabilizar os votos dos círculos da emigração e atribuir os respetivos quatro mandatos, o PS é o segundo mais votado, com 23,38% dos votos, e 58 deputados, os mesmos que o Chega, que tem menor votação, 22,56%.
De acordo com os resultados provisórios divulgados pela Secretaria-geral do Ministério da Administração Interna, segue-se a IL, em quarto lugar, com 5,53% dos votos e nove deputados, e depois o Livre, com 4,2% e seis eleitos.
A CDU (PCP/PEV) obteve 3,03% dos votos e elegeu três deputados, todos do PCP. O BE, com 2%, o PAN, com 1,36%, e o JPP, da Madeira, com 0,34% dos votos em termos nacionais, tiveram um mandato cada um.